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Filipe
Campos
Especialista em Investimento Imobiliário pela London School of Economics.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Mestre em Economia pela Universidade Nova.
Preços sobem mais do que salários: não compre casa
Há 3 anos - 31 de maio de 2019
Filipe
Campos
Especialista em Investimento Imobiliário pela London School of Economics.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Mestre em Economia pela Universidade Nova.

Se pretender comprar um imóvel para investir, faça os cálculos da rentabilidade do arrendamento na nossa calculadora.
Desde os mínimos registados em 2013, o preço das casas em Portugal não parou de crescer. Em termos reais (ou seja, ajustado à inflação), encontra-se ligeiramente acima dos máximos atingidos antes da crise do subprime, em finais de 2007.
Nessa altura, o índice da OCDE para os preços reais da habitação (determinado com base nos valores de transação) era de 123,53. Em 2018, o valor não diferiu muito (123,96) do verificado no período pré-crise, mas se o compararmos com os mínimos verificados no 2.º trimestre de 2013 (93,42), o aumento é de 32,7 por cento.
Preços das casas em Portugal: subidas a ritmos diferentes
Período | Índice de preços reais da habitação | Índice de preços do arrendamento | Rendimento real médio anual das famílias (€) |
2013 (2º trimestre) | 93,42 | 94,55 | 29 161 |
2018 (2º trimestre) | 123,96 | 104,24 | 30 950 (2017) |
Variação | +32,7% | +10,3% | +6% |
Fonte: OCDE; Pordata (rendimento disponível).
Esta evolução deve-se, entre outros fatores, ao aumento da procura nacional, motivado pelas baixas taxas de juro estabelecidas pelo Banco Central Europeu (BCE), que vieram facilitar o acesso ao crédito; ao crescimento do turismo e da concessão de vistos e autorizações de residência para não-residentes; à redução do desemprego e, por último, à falta de oferta de imóveis.
Não compre casa a crédito
Apesar dos alertas para o risco da sobrevalorização do mercado imobiliário, vindos de organismos como o Banco de Portugal ou a OCDE, esta subida de preços das casas em nada se compara ao cenário que precedeu a anterior crise.
No limite, poderá criar alguns desequilíbrios nos balanços dos bancos. Cabe-lhes avaliarem da melhor forma as suas concessões de empréstimos, sobretudo agora que o BCE anunciou a permanência das baixas taxas de juro na Europa.
Se pretender comprar um imóvel para investir, faça os cálculos da rentabilidade do arrendamento na nossa calculadora. Ainda que o índice de preços de arrendamento também tenha vindo a crescer de forma contínua nos últimos anos, trimestralmente, os preços de transação das casas subiram, em média, quase mais 1% desde 2013.
Por isso, o nosso conselho é que, neste momento, não compre casa, muito menos, com recurso ao crédito. Embora os preços das casas estejam a crescer mais lentamente, essa subida continua a ser bem mais expressiva do que a dos salários. É o que se conclui olhando para a evolução do rendimento disponível em Portugal, que aumentou apenas 6%, entre 2013 e 2017, ficando muitíssimo aquém do registado nos preços das casas, nos últimos cinco anos.
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