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Turbulência nas criptomoedas
Há 2 meses - 24 de março de 2023Problemas no sistema bancário e stablecoin USDC
Os primeiros dias do mês de março foram marcados pela falência de bancos com exposição ao mercado cripto.
Estes incluem o Silvergate, Signature (dois dos maiores provedores de serviços bancários para o setor de criptomoedas) e o Silicon Valley Bank (fortemente ligado à indústria de start-ups dos estados unidos, algumas delas com projetos ou investimentos no mundo dos criptoativos).
Por si só esta crise bancária já seria prejudicial às criptomoedas, mas o teste mais pesado foi outro. A Circle, entidade que gere a USDC, segunda maior stablecoin do mercado, com 42 mil milhões de dólares em circulação, admitiu que 3,3 mil milhões de USDC das suas reservas estavam no Silicon Valley Bank (SVB).
O que provocou uma queda no valor da stablecoin, que por definição deve valer sempre 1 dólar.
Estas notícias levaram a uma forte desvalorização da Bitcoin que viu a sua cotação a cair para perto dos 20 000 dólares, uma queda de 16% face ao ponto alto de 2023.
Resolução
O pânico estava instalado, não só no mercado das criptomoedas, mas nos mercados de capitais em geral. Os ânimos só acalmaram quando as autoridades norte-americanas declararam que todos os depósitos seriam assegurados.
Incluindo obviamente os depósitos detidos pela Circle junto do Silicon Valley bank. Além disso a FED disponibilizou 300 mil milhões em fundos de emergência aos bancos para garantir que quaisquer eventuais necessidades de liquidez não se transformassem em falências como havia acontecido com o Silicon Valley bank.
Fora dos EUA, as entidades suíças em conjunto com a UBS encontraram solução para o grave problema do Crédit Suisse e a china baixou o nível do rácio de reservas mínimo dos seus bancos, aumentando a liquidez do seu sistema bancário com o intuito de estimular a economia.
Bitcoin inverte tendência
A confiança do mercado foi restaurada. O valor da USDC tem voltado gradualmente ao seu valor pretendido de 1 dólar.
O perigo de novos problemas no sistema bancário diminuiu bastante e as expectativas para as decisões futuras da FED em relação às taxas de juro são mais moderadas (não se esperam tantos aumentos nem por tanto tempo), após a reunião desta quarta-feira.
As taxas diretoras subiram novamente em 25 pontos base para os 5%, o seu nível mais alto desde 2007. Alicerçada nestas notícias, a Bitcoin disparou 40% para os 28 000 dólares por unidade, o valor mais alto do ano.
O futuro das stablecoin
As stablecoin são usadas como equivalentes a moeda fiduciária (dólar) para fazer negócios e desempenham um papel na conexão dos mercados tradicionais aos criptográficos.
Contudo, esta conexão pode pôr em causa os princípios de independência e descentralização das criptomoedas.
Um dos principais argumentos a favor da adoção da tecnologia blockchain para a criação e utilização de moedas digitais era precisamente a sua independência do sistema financeiro tradicional, que já por várias vezes falhou a milhões de pessoas.
No entanto, estes acontecimentos demonstram que a suposta segurança e estabilidade provenientes da descentralização são colocadas em cheque, dada a conectividade com o sistema financeiro tradicional.
Já há quem defenda que no futuro as stablecoin devem ter o seu valor fixado face à Bitcoin e não ao dólar.
Uma solução certamente mais consistente com os princípios fundadores das criptomoedas, mas que perde em funcionalidade e só terá utilidade caso a utilização das criptomoedas venha a ser muito mais difundida do que é atualmente.
Deve investir?
Continuamos a não recomendar o investimento em criptoativos. Não invista, a menos que pretenda apenas especular e esteja disposto a aceitar um risco muito elevado.
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