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Em destaque: Bank of America, Knorr-Bremse, Sanofi, UBS, Volkswagen
Há 2 meses - 21 de março de 2023Bank of America
A crise bancária reavivou as preocupações sobre a capacidade do Bank of America resistir ao aumento dos juros. Lembremo-nos de um princípio básico: a subida das taxas de juro reduz o valor das obrigações detidas pelos bancos, o que conduz a perdas.
No entanto, nos EUA, os bancos só são obrigados a reconhecer essas perdas se as obrigações forem vendidas. O BofA está particularmente exposto através da sua carteira de obrigações, que ascende a 632 mil milhões de dólares (268 no concorrente Citigroup).
Se essa carteira tivesse de ser vendida para gerar liquidez, implicaria um prejuízo de 109 mil milhões e exigiria uma recapitalização, mas a situação é menos arriscada porque o BofA tem muita liquidez.
No final de 2022, detinha 1,93 biliões de dólares em depósitos e até agora estão estáveis. Aliás, a crise vivida pelos bancos mais pequenos nos EUA está mesmo a levar os aforradores a deslocar as poupanças para os de maior dimensão, considerados mais sólidos.
O BofA não está, portanto, sob pressão para vender esses títulos. Ao invés, tem de preocupar-se com a deterioração da economia que levará a um aumento do incumprimento de crédito cujos custos terão impacto direto nos resultados.
Os receios dos investidores sobre a carteira de obrigações são exagerados. Ao invés, as preocupações ligadas ao impacto do abrandamento da economia são bem justificadas. Ver conselho.
Knorr-Bremse
O grupo industrial alemão especializado em sistemas de travagem terminou 2022 com uma queda do lucro por ação de 2,2% (3 euros) e um aumento das vendas de 6,6%.
A Knorr-Bremse (KB) foi confrontada com custos de produção mais elevados e as dificuldades de uma economia chinesa (20% das receitas) ainda em lockdown. A deterioração da atividade provocou uma queda de 41% da cotação no ano passado.
A administração tem agora motivos para estar um pouco mais confiante para 2023. Continuamos cautelosos, mas 2022 foi recorde para encomendas: +11,4%.
A economia chinesa está a recuperar nos últimos meses com o fim dos confinamentos e as medidas de Pequim para redinamizar a atividade.
No entanto, prevê-se que o investimento no setor ferroviário (comboio e metropolitano) cresça lentamente. A margem também permanecerá sob pressão, pelo menos no primeiro semestre.
Nos camiões, a situação é um pouco melhor para 2023 com a recuperação do comércio. Os investimentos nesta atividade vão pesar sobre a margem. Para 2023 e 2024, esperamos lucros por ação de 3,4 e 3,9 euros, respetivamente.
A Knorr-Bremse é líder no seu mercado, tem um balanço sólido e uma boa carteira de encomendas. Trunfos valiosos para relançar o crescimento numa conjuntura difícil, embora a um ritmo lento. Ver conselho.
Sanofi
A Sanofi anunciou a aquisição da Provention Bio, uma empresa norte-americana de biotecnologia especializada em doenças imunológicas, por 2,9 mil milhões de dólares.
O laboratório coloca assim as mãos no Tzield, um tratamento verdadeiramente inovador contra a diabetes tipo 1 e já aprovado nos Estados Unidos.
O prémio proposto, em relação à antiga cotação de 6,7 dólares por ação da Provention Bio é de 273%.
No entanto, a operação representa, em última análise, apenas 2,4 vezes o pico de vendas esperado no longo prazo para o Tzield. Um preço razoável.
Deixamos inalterado o conselho. Ver conselho.
UBS
Face às dificuldades do Crédit Suisse (CS), que enfrenta a saída de clientes na gestão de fortunas, o UBS anunciou na noite de domingo a aquisição do concorrente, tentando evitar que a sua queda arraste outros bancos para baixo e desencadeie pânico nas bolsas.
A operação, que será realizada nos próximos meses, avalia o CS em 0,76 francos suíços (CHF) face aos 1,86 CHF de fecho da última sexta-feira.
Com a aquisição do CS, o UBS verá a sua atividade de gestão de fortunas reforçada com um total de 3,4 mil milhões de dólares sob gestão (2,8 mil milhões em 2022), o que permitirá gerar economias de escala e enriquecer a sua carteira de clientes.
A gestão de ativos e a banca de retalho também passarão para a alçada do UBS. Porém, fiel à sua estratégia, a atividade da banca de investimento, fonte de alguns dos problemas do CS, será certamente reestruturada ou vendida.
Segundo a administração do UBS, a operação terá um custo de 3 mil milhões de CHF e gerará poupanças anuais de 8 mil milhões até 2027.
Mas, como a fusão de dois bancos é um processo muito complexo (diferenças culturais, métodos diferentes, impacto nos clientes, etc.), estes valores podem ser alterados.
É importante realçar que o UBS receberá uma garantia estatal de 9 mil milhões de CHF para cobrir parte das perdas relacionadas com a aquisição do CS, ficando assim mais protegido.
Por outro lado, o UBS reforçou a liquidez nos últimos anos para lidar com possíveis dificuldades de financiamento, pelo que os indicadores de liquidez até superam os padrões fixados pelo regulador.
O banco está bem capitalizado, tem um modelo de negócio mais estável, baseado na gestão de patrimónios e não no financiamento de pequenas empresas de tecnologia, como o americano SVB, que entrou em falência.
Impedir que a queda do CS desencadeasse um efeito dominó era essencial, pelo que esta aquisição é uma boa notícia. Mas, os próximos tempos serão complexos para o UBS.
A gestão de fortunas terá de ser fundida e terão de ser expurgados os ativos de maior risco que não se encaixam na estratégia do UBS.
Possíveis surpresas desagradáveis, cujo custo terá de ser avaliado, provavelmente serão descobertas e não se pode descartar também impactos indiretos nos resultados (carteiras sob gestão, etc.) relativos ao atual pico de volatilidade nos mercados. Por estes motivos, aumentámos o nível de risco do UBS de 2 para 3.
A compra do CS pelo UBS é uma boa notícia para as bolsas. Se não houver muitas surpresas desagradáveis, também pode beneficiar o UBS, mas o risco do título aumentou.
Ainda assim, por enquanto, não alteramos o conselho. Ver conselho.
Volkswagen
Depois de limitar os danos em 2022, o construtor germânico está mais otimista, pelo menos para este ano. A Volkswagen (VW) espera entregar cerca de 9,5 milhões veículos em 2023, contra 8,3 milhões em 2022.
A receita deve aumentar entre 10 e 15% e a margem operacional é esperada entre 7,5% a 8,5% (8,1% em 2022).
Este otimismo pode parecer surpreendente no contexto das atuais incertezas, com as pressões inflacionistas a minar a confiança das famílias, mas é explicado pelas (numerosas) encomendas que a VW não conseguiu cumprir em 2022 devido a interrupções no fornecimento causadas, em particular, pela guerra na Ucrânia.
O grupo beneficiará, portanto, de uma normalização gradual dos prazos de entrega. Por outro lado, irá enfraquecer ímpeto dos aumentos de preços, que suportou as vendas e a rentabilidade em 2021 e 2022.
Se a VW não se quiser juntar à guerra de preços da Tesla, terá que reforçar na inovação, inclusive no segmento elétrico, para não ser deixada para trás pela concorrência.
Tendo em conta as perspetivas encorajadoras, aumentamos as nossas estimativas de lucros por ação para 36 euros em 2023 (antes 33) e 38 euros em 2024 (antes 35).
A VW espera que o desempenho em 2023 supere as expectativas, mas ainda são necessários esforços em termos de eletrificação da gama. Ver conselho.
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