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Em destaque: Eni, EuroAPI, Telecom Italia, Teva, Vodafone
Há 9 meses - 12 de dezembro de 2022Eni
De acordo com alguns rumores, a Eni está a negociar a aquisição da produtora britânica de gás e petróleo Neptune Energy.
Se se concretizar, seria uma operação de tamanho considerável mesmo para um gigante como a Eni: 5-6 mil milhões, um décimo dos ativos atuais da Eni.
A Neptune Energy produz o equivalente a 130 mil barris de petróleo por dia (medida que "compila” a produção de petróleo e gás) e espera atingir os 165 mil barris em 2023, pelo que o valor avançado o é coerente (o rácio é de cerca de um décimo em comparação com a produção atual da Eni).
A operação também contribuiria para a Eni alcançar o objetivo de elevar a produção de gás para pelo menos 60% do total em 2030. Hoje é pouco mais de 50% (o resto vem do petróleo), enquanto a Neptune Energy já produz três quartos de gás.
Por enquanto, não há confirmações e nenhum grupo comentou os rumores. Já o acordo da Plenitude (grupo Eni) para adquirir 100% da PLT, grupo italiano que opera na produção de eletricidade a partir de fontes renováveis e no fornecimento de energia aos clientes particulares, é um facto.
A transação permite à Eni fortalecer-se em Itália e Espanha, mas numa escala decididamente menor do que a de um potencial negócio sobre a Neptune Energy.
Mantemos as nossas previsões, que já tínhamos aumentado após resultados superiores ao esperado nos primeiros nove meses.
Para 2022 estimamos lucros de 4,21 euros por ação (3,07 euros em 2023, 2,66 em 2024). Título corretamente avaliado. Ver conselho.
EuroAPI
A EUROAPI, antiga subsidiária da Sanofi, e especializada em ingredientes farmacêuticos, acaba de emitir um alerta sobre os resultados de 2022.
Durante uma avaliação interna, o grupo identificou falhas nas boas práticas do fabrico de prostaglandinas na sua unidade em Budapeste. Como medida de precaução, decidiu suspender temporariamente a produção naquele país.
Uma paragem que pode durar algumas semanas. Como consequência imediata reduziu os objetivos anuais. Prevê agora um valor consolidado de 980 milhões de euros em 2022, contra 1000 milhões anteriormente.
Mais dececionante, a margem do EBITDA ajustado é agora esperada entre 12 e 13% (antes acima de 14%). Reduzimos as nossas previsões de lucros por ação de 0,55 para 0,4 euros em 2022 e de 0,75 para 0,65 euros em 2023.
Este acidente industrial vem erodir a confiança que o mercado tem tido na sociedade, mas, nesta fase, as ambições a médio e longo prazo do grupo não estão em causa.
Pode aproveitar o recuo da cotação para entrar na EUROAPI. O balanço é saudável (sem dívida) e o perfil defensivo é bem-vindo no contexto atual.
Se já é acionista pode reforçar, mas as ações não devem ter demasiado peso no seu portfólio. A EUROAPI continua a ser muito pequena em comparação com as grandes farmacêuticas. Ver conselho.
Telecom Italia
30 de novembro era o prazo final para a instituição financeira CDP (Cassa Depositi e Prestiti) ter formalizado uma oferta para integrar as infraestruturas da Telecom Italia (controla 10%) e da Open Fiber (controla 60%).
E agora? Por muito que o Governo italiano tenha anunciado a intenção de criar condições para encontrar soluções até ao final do ano, o projeto permanece demasiado vago e deixa a porta aberta a vários cenários.
Contudo, na fase atual todos têm poucas hipóteses de sucesso, incluindo a tomada de controlo de toda a Telecom Italia, uma cisão, divisão em dois da empresa ou a venda da rede.
Seja qual for o desfecho, a falta de acordo não é uma boa notícia para a Telecom Italia porque significa, no mínimo, um atraso no projeto.
A Telecom Italia opera num setor que exige investimentos pesados e que as sinergias da junção das redes poderiam ter reduzido.
Entretanto, a concorrência penaliza as receitas e os resultados permanecem no vermelho. Acresce ainda que a subida das taxas de juro significa que a dívida (um terço é a taxa variável) é cada vez maior.
A longo prazo, as ações estão corretamente valorizadas, embora arriscadas. Ver conselho.
Teva
A especialista em genéricos nomeou um novo CEO, Richard Francis, que tomará posse em janeiro. Entre a experiência no setor farmacêutico dirigiu a Sandoz, a subsidiária de genéricos da Novartis.
O atual CEO, Kare Schultz, reduziu significativamente a dívida líquida da Teva: 34,8 mil milhões de dólares no final de 2016 para 19 mil milhões no final de setembro (217% do capital próprio).
Um movimento que, infelizmente, não beneficiou a ação, que foi penalizada pela concorrência dos genéricos ao Copaxone (esclerose múltipla) e pela inversão do mercado de genéricos (forte pressão em baixa dos preços, especialmente nos EUA).
Há ainda a crise norte-americana dos opioides, para a qual a Teva está a finalizar um acordo de 4,35 mil milhões de dólares. O grupo reviu em baixa as previsões após um dececionante terceiro trimestre e voltará aos prejuízos este ano.
Espera-se que a situação melhore em 2023, com a crise dos opioides resolvida e os lançamentos do Risperidone LAI (esquizofrenia) e de um biossimilar do Humira (principal produto de artrite da Amgen).
O novo líder tem de reanimar o crescimento de Teva. Embora o lançamento de novos produtos ajude, a dívida ainda elevada continua a ser um travão.
A recuperação do grupo será lenta, mas dado a baixa valorização pode manter se for paciente. Ver conselho.
Vodafone
O gigante europeu das telecomunicações anunciou a saída surpresa do CEO, Nick Read. Será substituído pelo atual Diretor Financeiro até à nomeação de um sucessor.
À frente do grupo há 4 anos, o balanço da Read é pouco brilhante. A cotação caiu 40% e foram perdidas várias oportunidades de aquisição. A reorientação estratégica para a Europa tem sido muito mais laboriosa do que se esperava.
E os últimos resultados, publicados em novembro, novamente dececionantes, obrigaram a Vodafone a baixar a meta de lucro operacional de 2022/23 (fecha no final de março).
A nova administração terá a difícil tarefa de continuar a cortar a dívida que, apesar das recentes alienações de ativos (filial na Hungria, metade da participação na filial de antenas de telecomunicações Vantage Towers) continua a ser superior a 40 mil milhões de euros.
Esperam-se novas vendas se a Vodafone não quiser deixar escapar fusões e aquisições interessantes na Europa. Esperamos lucros por ação de 8,1 pence em 2022/23 e 8,75 pence em 2023/24.
O novo CEO não terá uma tarefa fácil para restaurar a confiança dos investidores. No entanto, avanços nas alienações podem dar um alento à cotação, cujo nível corresponde a menos de 60% dos capitais próprios.
O atrativo dividendo também não deve ser ignorado. Ver conselho.
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