Em destaque: Apple, Arcelor, bpost, Engie, Iberdrola, Repsol, Texas

Apple

Durante a tradicional apresentação em setembro, a Apple revelou as novidades, com destaque para os novos iPhone 14 e os relógios conectados mais potentes.

Pouco surpreendentes, mas suficientes para satisfazer os cada vez mais numerosos aficionados da marca americana. Os preços de venda anunciados são comparáveis às versões anteriores, sinal de que o grupo procura, no atual contexto inflacionista, preservar a quota de mercado.

Ainda não chegou o momento de encaixar as mais-valias nesta ação de qualidade cuja cotação tem resistido bem à queda geral das tecnológicas desde o início do ano. Ver conselho.

ArcelorMittal 

A siderúrgica anunciou o encerramento dos altos-fornos na Polónia, Alemanha e Espanha. Uma medida que resulta do declínio da procura por parte da indústria automóvel, bem como do aumento dos preços da energia.

Depois de um bom semestre, os próximos meses serão difíceis para a ArcelorMittal, que também terá de enfrentar a queda dos preços de venda.

O setor siderúrgico confirma que a procura é insuficiente para permitir aumentos acentuados dos preços que compensariam o aumento dos custos. Ver conselho.

bpost

O grupo postal belga recebeu luz verde para adquirir a Aldipress, distribuidora neerlandesa de imprensa. Sem divulgar o preço pago, a bpost realiza uma pequena operação, dada a dimensão do objetivo.

A Aldipress registou apenas um volume de negócios de 140 milhões de euros em 2021, em comparação com 3,4 mil milhões de euros da bpost. Espera-se que o impacto nos resultados e nas previsões seja (muito) pequeno.

Não admira, pois, que o anúncio não tenha afetado os investidores. Ver conselho.

Engie

A cotação da Engie beneficiou da proposta da Comissão Europeia de limitar o preço da eletricidade a 200 euros megawatt/hora quando gerada por outras fontes que não o gás (nuclear, eólica, solar, biomassa, entre outros).

Um limite menos restritivo do que o esperado. Assim, garante uma rentabilidade suficiente para continuar a incentivar os investimentos futuros no desenvolvimento de energias renováveis. Ver conselho.

Iberdrola

A atividade da Iberdrola fora de Espanha tem sido intensa. Após o desbloqueio do desenvolvimento da linha de ligação entre o Quebeque (Canadá) e o Maine (EUA), a empresa anunciou novos projetos no Brasil e na Austrália.

No país sul-americano, a Iberdrola promoverá o desenvolvimento de hidrogénio verde e de três parques eólicos offshore. Na Austrália irá alocar cerca de 3 mil milhões de euros à instalação de nova capacidade de produção renovável.

A Austrália, onde é um dos líderes nas energias renováveis após a aquisição da Infigen Energy em 2020, está gradualmente a tornar-se um importante foco de investimento para a elétrica espanhola.

A diversificação internacional continua a ser um dos pilares da estratégia a longo prazo. Um trunfo importante nos próximos anos face aos problemas energéticos do setor na Europa (redução do consumo em Espanha, limitações tarifárias no Reino Unido).

No último semestre, 46% dos lucros foram gerados em Espanha e 15,3% do Reino Unido. Ver conselho.

Repsol

A petrolífera deu mais um passo na ambiciosa estratégia de desenvolvimento em energias descarbonizadas. Assim, a Repsol assinou um acordo com o fundo americano EIG para a venda de 25% do capital da atividade de exploração e produção.

A transação está avaliada em 4,8 mil milhões de euros, o que avalia o negócio em cerca de 19 mil milhões de euros. Trata-se de um preço no topo do intervalo estimado em 14-19 mil milhões de euros.

Por isso, a Repsol obteve um preço muito bom, aproveitando a subida dos preços do petróleo (35% da produção no primeiro semestre) e do gás (65%).
Segundo a administração, as receitas da venda serão investidas no financiamento da transição energética, onde tem fortes ambições de crescimento.

É das petrolíferas europeias mais empenhadas neste caminho. A ver como a Repsol usará este dinheiro, mas é possível uma aquisição de um grupo neste setor para acelerar o crescimento. 

Com o anúncio desta operação, a cotação da Repsol não reagiu positivamente. Por um lado, os primeiros rumores, em junho, já tinham causado uma (pequena) subida.

Por outro lado, a cotação continua altamente dependente dos preços do petróleo, que estão a cair na sequência dos receios relacionados com o dinamismo económico nos próximos trimestres. 

O grupo tem grandes trunfos como a presença no gás, uma boa execução estratégica e uma forte exposição à refinação cujas margens são atualmente elevadas.

Porém, as perspetivas de curto prazo para os preços do petróleo e a evolução do crescimento económico aconselham prudência. Ver conselho.

Texas Instruments

O setor dos semicondutores tem estado em forte queda, mas a Texas Instruments tem-se distinguido. A cotação cai 12% em 2022 contra 37% do setor. Os últimos resultados foram melhores do que o esperado: +14% nas receitas e +20% nos lucros por ação.

E os objetivos para o terceiro trimestre, de +10% e +14%, estão em linha com o esperado. As razões para o bom desempenho são múltiplas. Em primeiro lugar, a Texas fabrica mais processadores para os setores automóvel e industrial, onde a procura continua elevada.

Em segundo lugar, criteriosamente reorientado para chips com elevado valor acrescentado, o grupo tem a capacidade de impor preços (alta rentabilidade). Por fim, produz sobretudo internamente o que permite favorecer certos tipos de processadores dependendo do estado do mercado.

Trunfos que pretende preservar ou mesmo reforçar aumentando significativamente os investimentos, sendo que tem meios para concretizar as ambições. Estimamos lucros por ação de 9,5 dólares em 2022 e 9,1 em 2023.

Embora as perspetivas económicas globais se tenham deteriorado nos últimos meses, a Texas Instruments tem confirmado os seus trunfos.

As ações estão a negociar num rácio acima do setor, mas este prémio justifica-se. Ainda não chegou a hora de encaixar mais-valias. Ver conselho.