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Em destaque: AB InBev, Arcelor, Coca-Cola, Ferrari, P&G, Stellantis
Há 4 dias - 5 de agosto de 2022AB InBev
No segundo trimestre, a cervejeira perdeu quota de mercado nos Estados Unidos (volumes baixaram 2,7%), mas a situação é mais favorável noutros países (especialmente na América Latina).
O crescimento da receita orgânica foi sólido (+11,3%) e o lucro corrente por ação (+10,2% em euros) beneficiou da depreciação da moeda única. A AB InBev manteve a generalidade dos seus objetivos para 2022. Ver conselho.
ArcelorMittal
Beneficiando de preços de venda mais elevados, a siderúrgica ArcelorMittal gerou um fluxo de caixa trimestral superior ao esperado: 2,55 mil milhões contra 2 mil milhões no primeiro trimestre e 2,3 mil milhões no segundo trimestre de 2021.
E outra boa notícia: conseguiu compensar o declínio das vendas ao setor automóvel e da construção que recorrem aos stocks em vez de fazer novas encomendas devido à deterioração da conjuntura económica. No entanto, a ArcelorMittal provavelmente já passou o momento alto e estes resultados trimestrais serão os mais elevados do ano.
Por isso, continuamos cautelosos nas nossas estimativas de lucros por ação: 5 euros para 2023, abaixo dos 13 euros previstos para 2022 (8,53 euros no primeiro semestre).
Os resultados dos próximos meses serão marcados pela atual queda dos preços de venda, que acresce à diminuição dos volumes.
Pelo lado positivo, o grupo pretende comprar 1,4 mil milhões de dólares de ações próprias (6,5% de capitalização) até maio de 2023 e vai adquirir o grupo brasileiro CSP, especializado em produtos semiacabados, por 2,2 mil milhões de dólares.
Apreciamos a forma como a ArcelorMittal utiliza o dinheiro e não somos os únicos, mas, apesar disso, a cotação recua 15% desde o início do ano. Ver conselho.
Coca-Cola
No segundo trimestre, a Coca-Cola mostrou a resiliência do negócio à inflação. O crescimento de 16% da receita orgânica foi melhor do que o esperado. Além do aumento dos preços de venda, beneficiou dos efeitos de saída da pandemia (maior afluência a bares e restaurantes).
No entanto, a situação é menos favorável em termos de lucros, apesar dos desinvestimentos nas marcas não rentáveis. Por um lado, o aumento dos custos (inflação, marketing e integração da Bodyarmor) reduziu a rentabilidade operacional (30,7% contra 31,7% há um ano).
Por outro lado, uma depreciação relacionada com a aquisição anterior da Fairlife (produtos lácteos) levou a uma redução de 28% no lucro por ação para 0,44 dólares. A Coca-Cola está confiante, mas o otimismo deve ser moderado.
O grupo mantém capacidade para aumentar o dividendo (já +4,8% em fevereiro), mas não é certo que as vendas e a rentabilidade resistam a um prolongamento da inflação. A Coca-Cola também nos habituou a um lento crescimento dos lucros devido a dificuldades conjunturais (crises, inflação) e à necessária (e dispendiosa) aquisição de bebidas alternativas aos seus refrigerantes.
A Coca-Cola registou um bom trimestre. Mas se a rentabilidade ainda foi pouco impactada, a ameaça inflacionista deve ser levada a sério. Ver conselho.
Ferrari
No segundo trimestre, as receitas da Ferrari aumentaram 24,9%, o lucro operacional 17,9% e o resultado líquido por ação subiu de 1,11 para 1,36 euros (+22,5%). Assim, decidiu rever as estimativas para as receitas e resultados.
No caso do lucro líquido, o intervalo passou de 4,55 a 4,75 euros para 4,8 a 4,9 euros por ação. Esta melhoria é urge graças ao maior contributo das personalizações dos veículos, que no segundo trimestre representaram 18% das receitas.
A Ferrari confirmou igualmente os momentos-chave para os próximos anos: a apresentação do Suvereto Purosangue em setembro de 2022 com entregas a partir de 2023. Entre 2023 e 2026, lançará 15 modelos, incluindo o primeiro Ferrari 100% elétrico em 2025.
Quanto às nossas estimativas, mesmo antes da revisão realizada pela empresa, já esperávamos um lucro de 4,88 euros por ação para 2022, o que assim se confirma. E mantemos a expectativa 6 euros para 2023. Ver conselho.
Procter & Gamble
O gigante norte-americano de bens de consumo Procter & Gamble (PG) anunciou previsões dececionantes para 2022/23 (exercícios terminam a 30/06) tanto em termos de vendas (+ 3% a +5%) e de lucros por ação (0 a +4%).
As vendas de 2021/22 surpreenderam pela positiva (+7%), mas este desempenho deveu-se, em grande parte, aos aumentos de preços que a PG conseguiu transmitir aos clientes para compensar parcialmente o aumento dos custos (matérias-primas, embalagens, transportes).
O grupo tem um certo poder de mercado resultante das suas reconhecidas marcas. Ainda assim, a margem operacional recuou de 23,6% para 22,2% em 2021, o que foi dececionante, mas não catastrófico.
Mais preocupante, os consumidores começam a reagir mal os aumentos de preços, optando por marcas mais baratas ou simplesmente reduzindo os gastos. Os volumes caíram 1% no último trimestre.
O comportamento dos consumidores será crucial nos próximos trimestres, uma vez que o PG prevê novos aumentos de preços no final do verão.
Os ventos contrários intensificar-se-ão em 2022/23 pelo que reduzimos as estimativas de lucros por ação para 6,1 dólares em 2022/23 (antes 6,4) e 6,5 em 2023/24 (antes 6,9).
Apesar de estar em queda desde o início do ano, a PG ainda está muito sobrevalorizada. Ver conselho.
Stellantis
O construtor automóvel (ex-PSA, ex-FCA) superou as expectativas no semestre, registando +17% de receitas e, sobretudo, uma margem operacional recorde de 14,1% (11,4% no primeiro semestre de 2021).
Apesar da queda dos volumes (-7%), causada pela escassez de semicondutores, a Stellantis focou a produção nos veículos elétricos (mais caros do que a média) e nos modelos mais rentáveis (SUV) e aumentou os preços de venda.
Mesmo que a situação dos fornecimentos melhore no segundo semestre, a Stellantis mostra-se prudente. Assim, prevê agora que os volumes para 2022 desçam 8% na América do Norte (anterior previsão de um mercado estável) e recuem 12% na Europa (queda de 2% antes).
Mas, apesar da deterioração das perspetivas económicas, a Stellantis manteve o objetivo de rentabilidade com uma margem de operacional de, pelo menos, 10%. Uma meta que, dados os resultados semestrais, está claramente ao alcance.
Mantemos as nossas (conservadoras) previsões de lucros por ação: 3,50 euros em 2022 e 3,90 euros em 2023.
A Stellantis manteve a meta de rentabilidade para 2022 após sólidos resultados semestrais. A ação não está cara, mas a deterioração da economia na Europa e EUA (80% dos volumes de venda) aconselham prudência. Ver conselho.
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