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Em destaque: Accenture, BMW, Orange, Royal Dutch Shell
Há um ano - 30 de setembro de 2021Accenture
O gigante americano de consultoria e serviços empresariais publicou um resultado anual 2020/21 (fecho a 31/08) sem surpresas. As receitas cresceram 14% e os lucros por ação aumentaram 29% em termos comparáveis, atingindo um recorde de 9,31 dólares.
Com as encomendas anuais a crescerem 20%,o grupo espera, para o exercício em curso, um crescimento das receitas e dos lucros por ação de 1,5% e 14,5%, respetivamente. Metas ligeiramente mais elevadas do que as nossas expectativas.
A pandemia tem efeitos positivos e duradouros para a Accenture. Por um lado, a aceleração da digitalização e o desenvolvimento da computação em nuvem têm levado muitas empresas a fazer um uso mais maciço de empresas de consultoria como a Accenture. Por outro lado, o contexto económico difícil levou mais empresas, a fim de reduzirem os seus custos, a recorrerem à subcontratação de determinadas tarefas administrativas.
Áreas de especialização em que a Accenture, líder de mercado, domina e continua a ganhar quota de mercado. Revemos as nossas estimativas de lucros por ação para 10,5 dólares em 2021/22 (9,8 antes) e 11,5 em 2022/23.
A dinâmica continua a ser favorável para a Accenture, que continua a ganhar quota de mercado e mostra um aumento constante dos resultados. Mas o nível atual da cotação é demasiado alto para uma compra. Manter.
BMW
Tal como na concorrência, a produção da BMW está a ser dificultada pela escassez de semicondutores. Sem quantificar o seu impacto na atividade, o grupo alemão espera um segundo semestre mais "volátil" que também será impactada pela subida do preço das matérias-primas. Apesar das dificuldades de fornecimento, a BMW parece-nos, neste momento, bem posicionada para resistir ao choque.
O posicionamento na gama alta e a notoriedade da marca devem permitir fixar preços mais elevados sem penalizar demasiado os volumes de vendas. Embora não possa repetir o desempenho excecional do primeiro semestre, a margem operacional da divisão automóvel deverá melhorar ficando no topo do intervalo 7-9% (2,7% em 2020 e 6,4% em 2019).
Além disso, quando a crise dos semicondutores for resolvida, a BMW não pretende voltar atrás, mantendo os preços elevados. Tal garantirá uma rentabilidade confortável enquanto acelerar a conversão para o elétrico, cuja procura deverá suportar o crescimento da atividade. Mantemos as previsões de lucros por ação em 17 euros para 2021 e 12 euros para 2022.
O construtor alemão está a resistir à escassez de componentes eletrónicos, mas será mais complicado em 2022 se a produção sofrer novas falhas. Assim, apesar do atual desconto das ações face à média histórica, recomendamos apenas que mantenha. Manter.
Orange
A perda de 1,04 euros por ação registada pelo no primeiro semestre deverá mergulhar as contas da Orange no vermelho este ano. Em causa está a revisão em baixa em 3,7 mil milhões de euros (1,4 euros por ação) do valor dos seus ativos em Espanha (11% do volume de negócios),o segundo país mais importante do grupo. A Orange adiou para 2023 as suas esperanças de crescimento dos resultados operacionais (-16,2% no primeiro semestre) neste competitivo mercado (preços entre os mais baixos da Europa).
Em França (42% do volume de negócios), não foi muito melhor: lucro operacional a descer 2,2% numa base comparável e perspetivas limitadas por uma forte concorrência e um Estado francês ainda muito presente (detém 23% do capital).
Um dos únicos atrativos da Orange é o pagamento de um alto dividendo (rendimento de 7,5%) e que nos parece sustentável tendo em conta que o nível de dívida permanece razoável. Esperamos uma perda de 0,37 euros por ação em 2021 e um lucro por ação de 1,07 euros em 2022.
As ações negoceiam em níveis de avaliação mais baixos do que a maioria dos seus concorrentes europeus De facto, há uma forte dependência nos mercados francês e espanhol, que estão entre os mais competitivos da Europa. Como atrativo, há o pagamento de um bom dividendo. Manter.
Royal Dutch Shell
Sob pressão dos acionistas e dos tribunais neerlandeses, o grupo petrolífero Shell foi obrigado a fazer mais na redução das suas emissões de CO2. Vai dar mais um passo nesse sentido com a venda, à norte-americana Conoco Phillips, dos seus ativos em petróleo e gás de xisto na bacia Permiano, nos Estados Unidos (Texas e Novo México). No entanto, esta venda priva o grupo de ativos que veem a rentabilidade aumentar com a subida dos preços do petróleo e cerca de 8% da produção de barris prevista para 2021.
No final da operação, prevista para o final deste ano, a Shell estará um pouco mais dependente do gás natural. Entretanto, foram recentemente anunciados outros investimentos em energias renováveis. Com a venda receberá 9,5 mil milhões de dólares em dinheiro, dos quais 7 mil milhões de dólares serão devolvidos aos acionistas sob a forma de dividendos e a compra de ações próprias.
Trata-se de uma exigência dos investidores que continuam a suspeitar das perspetivas de crescimento deste setor. O saldo restante de 2,5 mil milhões de dólares será usado para a redução da dívida. Esta melhor compensação dos acionistas e as medidas tomadas para gerar mais dinheiro levam-nos a reduzir o nosso indicador de risco de 4 para 3.
O desinvestimento no mercado norte-americano resultará numa melhor remuneração dos acionistas. Precisamente o que os investidores esperam do setor petrolífero. Mantenha para beneficiar do bom rendimento do dividendo. Manter.
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