Em destaque: LVMH, Pfizer, Shell e Reckitt

LVMH

Capacidade de recuperação surpreendente para a atividade da LVMH no arranque de 2021. Apesar de valores muito acima das expectativas do mercado, a cotação pouco reagiu ao seu anúncio. Em parte justifica-se pois o título, apesar de sobrevalorizado registou uma subida de cerca de 50% nos últimos 6 meses e 75% no último ano. Assim, a empresa é de qualidade mas o título permanece a negociar em valores muito altos, sobretudo se procura boas oportunidades em bolsa. Venda.

Pfizer

O infortúnio de alguns faz a felicidade de outros. Dados os contratempos enfrentados pelas vacinas da AstraZeneca e da Jonhnson & Johnson, a Comissão Europeia parece agora querer favorecer as vacinas de RNA mensageiro e está a negociar um novo contrato de entrega de 1,8 mil milhões de doses para o biénio 2022/2023. Isso permitirá que a Pfizer mantenha o mesmo nível de vendas de 2021 da sua vacina em 2022 e 2023. A Pfizer está a valorizar, mas sem excessos. Comprar.

Reckitt Benckiser

2020 foi um ano excecional para os produtos da Reckitt Benckiser. Beneficiando particularmente bem da pandemia, dada a necessidade crescente de higiene, esteve a procura dos desinfetantes Lysol e Dettol. As vendas em 2020 aumentaram quase 9% (excluindo os efeitos cambiais e de perímetro). Este efeito vai desaparecer este ano, uma vez que o grupo espera que as vendas de 2021 aumentem 2%. Além disso, a Reckitt prepara-se para a saída do seu negócio de leite infantil na China (incluindo Hong Kong, Macau e Formosa). Esta atividade, adquirida à Mead Johnson em 2017, representa 6% das vendas da Reckitt, e está a ser penalizada pela diminuição da taxa de natalidade na China e o aumento da concorrência local.

Além disso, a Reckitt Benckiser decidiu voltar ao seu nome original e denominar-se de Reckitt. Uma mudança puramente comercial visando uma maior simplicidade. Nenhuma alteração para o investidor uma vez que o nome da empresa cotada permanece Reckitt Benckiser com o mesmo código ISIN (GB00B24CGK77). Estimamos lucros por ação de 31 penca em 2021 e 325 pence em 2022.

A cotação da Reckitt subiu bem em 2020, suportada pela forte procura dos seus produtos desinfetantes. Este efeito irá desaparecer em 2021, embora se espere que alguns reflexos dos consumidores continuem. Mantenha.

Royal Dutch Shell

O ponto de atividade do grupo petrolífero anglo-holandês deixou a desejar. Tal como outros gigantes do setor, anunciou o regresso dos lucros no negócio da exploração & produção graças à recuperação dos preços do petróleo. É uma boa notícia depois do catastrófico 2020 para o grupo e o setor petrolífero.

Uma forte subida dos preços do ouro negro permitiria reforçar o fluxo de caixa e remunerar melhor os acionistas através do aumento do dividendo e da compra de ações próprias. Não excluímos completamente este cenário, mas a situação continua a ser ambígua a curto prazo e há o risco de atingir a cotação.

A Shell reportou uma produção diária ligeiramente dececionante para o início do ano de 2,4 a 2,48 milhões de barris. Tinha sido anunciados anteriormente 2,4 a 2,6 e eram de 2,37 milhões no final de 2020. Além disso, o dinheiro gerado no primeiro trimestre, um indicador monitorizado pelos mercados, poderá ser inferior ao esperado. No passado, a Shell desiludiu muitas vezes e ainda pode dececionar nos próximos meses.

A cotação reagiu pouco aos anúncios do grupo. Consideramo-los um pouco dececionantes mas não vemos necessidade de mudar o nosso conselho face ao nível atual da cotação. Mantenha.