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de segunda a sexta-feira das 9h às 18hO desempenho operacional da Sonae Indústria (SI) esteve muito perto do que esperávamos, com as receitas a crescer 4,4% e a margem EBITDA recorrente a situar-se nos 12% (o mesmo em 2018). A sua joint-venture, Sonae Arauco, contribuiu para as contas com uma perda de 3 milhões de euros.
O resultado líquido negativo de 0,29 euros por ação é mais do dobro do que esperávamos (-0,13), mas na prática explica-se por um item, provisões registadas no 4.º trimestre de quase 6 milhões de euros.
O setor não atravessava um bom momento, com procura fraca em várias geografias (nomeadamente na Europa) conjugada com excesso de oferta em diversos segmentos de mercado. O que não é um bom contexto para enfrentar a pandemia e a recessão que se avizinha.
A empresa refere ter encerrado a sua fábrica no Canadá (a principal unidade dos negócios integralmente detidos) e a Sonae Arauco encerrou as unidades em Espanha e África do Sul. Mais unidades industriais poderão vir a ser encerradas, devido à diminuição da procura e falta de matérias primas. A SI não estimou ainda o impacto, mas admite que será “considerável”. Pela nossa parte, estimamos que os prejuízos se avolumem em 2020 para 0,92 euros por ação, reduzindo-se em 2021 para 0,47 euros.
O que coloca em causa a estabilidade financeira da empresa. A dívida líquida no final de 2019 ascendia já a 8 vezes o EBITDA recorrente (geralmente pretende-se um valor máximo de 3 vezes), e é previsível que este rácio dispare em 2020. Olhando para a cobertura dos juros pelo EBITDA, estimamos que em 2020 este rácio possa descer abaixo de 1,5, o mínimo recomendável.
Aliás, se considerarmos também os reembolsos da dívida previstos para 2020, a Sonae Indústria não tem liquidez em caixa para fazer face aos mesmos, e com os encerramentos e a recessão subsequente terá dificuldade em gerar liquidez das operações, pelo que necessitará de novos financiamentos.
Como demos conta no nosso último comentário, a empresa procedeu a uma restruturação da dívida em dezembro que, em retrospetiva, foi extremamente oportuna. Ficou prevista a colocação junto de investidores institucionais de mais 15 milhões de euros com uma taxa de juro de 7%, mas esta operação que poderá agora ficar em causa. Tendo em conta o contexto de recessão económica, o risco parece-nos extremamente elevado, portanto alteramos a nossa classificação de risco de 4 para 5 (o valor mais elevado).
O risco financeiro, somado às perspetivas incertas do negócio, torna em nossa opinião a Sonae Indústria uma ação com uma relação risco / benefício desfavorável. Aproveite a recuperação de 20,9% da cotação nas últimas duas semanas para vender o título que agora está caro.
Cotação à data da análise: 0,67 euros
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