Após um terceiro trimestre dececionante, marcado pelo crescimento orgânico das vendas de 2,9%, a Unilever reviu as expectativas em baixo. Para 2019, a atividade não deverá exceder 3% de aumento antes de uma recuperação entre 3 e 4% em 2020.
Mais uma vez, a direção refugia-se no contexto macroeconómico mais instável. Se é verdade que a situação de certos mercados emergentes é delicada (Índia, Nigéria, Gana), a desculpa é menos válida para os Estados Unidos, onde o grupo tem maior concorrência (P&G e Nestlé) e onde as dificuldades têm origem interna.
Após a recusa da oferta de aquisição pela Kraft Heinz em 2017, a Unilever procurou seduzir os acionistas, prometendo um nível ambicioso de rentabilidade operacional para 2020 (20% contra 17,5% em 2018). Isso naturalmente restringiu os investimentos e as despesas de marketing, apesar de o grupo ter subinvestido nos países desenvolvidos para aumentar a sua presença nos mercados emergentes.
Como resultado, o grupo está a perder quota de mercado para os concorrentes. Se as expectativas de lucro de 2019 e 2020 não devem ser significativamente afetadas pelo anúncio recente, as perspetivas de médio prazo são mais opacas. Especialmente porque a direção não parece querer mudar a estratégia.
Cotação à data de análise: 51,45 euros