A forte queda protagonizada pelas bolsas na passada quarta-feira deixou marcas, sobretudo nos mercados europeus, com o Stoxx Europe 50 a desvalorizar 3% na semana. As bolsas americanas foram as únicas que resistiram às quedas acentuadas, com o S&P 500 a recuar 0,3% e o índice tecnológico Nasdaq a ganhar 0,5%.
Os mercados corrigiram após a divulgação de um indicador muito fraco relativo ao setor industrial americano, que surpreendeu os investidores e gerou preocupações quanto à saúde atual da economia.
Por sua vez, o setor dos serviços, que tem um peso muito importante na atividade económica, também mostrou sinais de fraqueza. A guerra comercial parece, de facto, estar a penalizar a atividade económica. Em contrapartida, os bons indicadores relativos ao mercado de trabalho, divulgados na sexta-feira, limitaram as quedas.
Os investidores começam a questionar as projeções sobre a evolução dos lucros das empresas nos próximos meses e estão atualmente a fazer revisões das estimativas. Para a economia americana, o nível de risco aumentou, embora descartemos um cenário de recessão nos próximos trimestres, sobretudo porque a Reserva Federal ainda pode baixar mais as taxas de juro.
Enquanto o mercado de trabalho estiver saudável (baixo desemprego, manutenção do poder de compra, bons níveis de consumo), a economia deverá conseguir evitar uma recessão.
Lisboa foi a menos penalizada na Europa
Apesar de não ter escapado às quedas, a bolsa nacional foi a praça europeia menos penalizada na semana passada, com uma descida de apenas 0,5%.
As ações mais defensivas foram as principais responsáveis por este melhor desempenho relativo da bolsa de Lisboa, com destaque para a REN (+5,1%), que liderou os ganhos, e para a EDP (+2,1%).
Pela positiva, realce igualmente para a NOS (+3,7%), para os CTT (+2,6%) e para o BCP (+0,9%), apesar da decisão desfavorável do Tribunal de Justiça Europeu em relação aos créditos à habitação em francos suíços concedidos pela sua subsidiária polaca.
Pela negativa, realce para a Cofina (-15,8%), que liderou as perdas, depois de confirmar que fará um aumento de capital, estimado em 85 milhões de euros, destinado ao financiamento parcial da compra da Media Capital.
Ações cíclicas lideram perdas
As ações mais cíclicas, mais dependentes da evolução da atividade económica, foram as mais penalizadas. Foram os casos das petrolíferas (-3,5%), das empresas de aço (-3,3%), com a ArcelorMittal a cair 9%, e da banca (-4,4%).
Ao invés, as tecnológicas tiveram um desempenho melhor, tanto nos EUA (+0,5%) como na Europa (-1,9%), e as ações mais defensivas também tiveram quedas menos elevadas: alimentação (-1,2%) e farmácia (-1,1%).
A semana em números
Principais Bolsas | |
Lisboa | -0,5% |
Frankfurt | -3,0% |
Londres | -3,7% |
Madrid | -2,4% |
Milão | -2,5% |
Nasdaq | +0,5% |
Nova Iorque | -0,3% |
Paris | -2,7% |
Tóquio | -2,1% |
Zurique | -2,1% |
Ações nacionais: maiores subidas e descidas | |
REN | +5,1% |
NOS | +3,7% |
CTT | +2,6% |
EDP | +2,1% |
Sonae Capital | +2,0% |
Novabase | -4,1% |
Corticeira Amorim | -4,3% |
Navigator | -5,5% |
Altri | -7,7% |
Cofina | -15,8% |
Variação das cotações entre 27/09 e 04/10, em moeda local.