Como previsto no nosso último comentário, o segundo trimestre da Navigator foi fraco. Por comparação com o mesmo trimestre de 2018, as vendas estagnaram, o EBITDA caiu 11% e o resultado líquido 31%.
A produção foi afetada por greves e paragens para manutenção, o preço da pasta caiu e houve um aumento dos custos de produção, sobretudo da energia e matéria prima.
Contudo, há vários catalisadores positivos para os próximos trimestre. Desde logo, menos perturbações à produção. No mercado da pasta, não está prevista a entrada em funcionamento de nova capacidade de produção até 2021, o que favorece os produtores.
Também a força do dólar, que serve como refúgio dos investidores em tempos de incerteza, beneficia a Navigator e atenua os efeitos da queda do preço da pasta.
Nota final para o negócio do tissue, que já contribui positivamente para o EBITDA, ainda que com margem muito baixa, e a empresa espera aumentar rapidamente os volumes vendidos e a proporção de produto acabado nas vendas (mais valioso).
Neste contexto, o lucro por ação esperado para 2019 fica praticamente inalterado em 0,30 euros, mas 2020 é revisto em baixa para 0,32 euros (antes 0,37), refletindo o menor crescimento económico.
Aliás, a grande incógnita, para nós, são as tensões macroeconómicas. A China representa 36% do mercado mundial de pasta de papel. E a Navigator exporta a maior parte da sua produção de papel para a Europa. Uma recessão nestas geografias não vai deixar a empresa incólume. Recessão que contudo não é certa, face aos estímulos que podem ser lançados por governos e bancos centrais, e uma possível resolução da guerra comercial.
Apesar de a ação estar barata, até a situação macroeconómica se clarificar, alteramos o conselho de comprar para manter.
Cotação à data da análise: 3,01 euros