Apesar de a cotação bater recordes, o sucesso deste serviço não é garantido e o seu lançamento irá pesar sobre os lucros até 2023-2024. O risco de desilusão não é negligenciável, portanto alteramos o conselho: venda e concretize as mais-valias.
Streaming é a tendência do momento
Nos últimos meses, a cotação da Disney foi impulsionada pelos bons resultados, os recordes da saga Avengers, a inauguração da atração Star Wars: Galaxy’s Edge no seu parque da Califórnia, mas também e sobretudo pelo serviço de streaming Disney+, que será lançado em novembro nos EUA e no resto do mundo até ao início de 2021, e que agrupará o notável portefólio do grupo: Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic).
Ao lançar este serviço, a Disney segue a evolução no mercado dos media, que se afasta da programação de TV tradicional em favor de um modelo de streaming (Netflix, Amazon Prime). O Disney+, destinado às crianças e famílias, completará a oferta que até agora era constituída pela ESPN+ (desporto) e Hulu (detida em conjunto com a Comcast e com programação para um público mais velho).
O (ambicioso) objetivo da Disney é ter, em 2024, 60 a 90 milhões de assinantes para o Disney+ e 108 a 162 milhões no conjunto de todos os serviços. Ora, a Netflix tem hoje em dia 150 milhões! E a concorrência só vai endurecer, com lançamento de outros serviços concorrentes (nomeadamente da Apple).
Conseguirá a Disney tornar-se um gigante do streaming? Não é certo. O que é certo é que o Disney+ vai declarar uma guerra de preços. O preço da mensalidade começará em 6,99 dólares, contra um mínimo de 8,99 dólares na concorrente Netflix, nos EUA.
Assim, tendo em conta os pesados investimentos necessários e os 71 mil milhões de dólares pagos pela recente aquisição dos conteúdos da 21st First Century Fox, o Disney+ não será rentável antes do exercício 2023-24.
Um fator a ter em conta é que a expansão do Disney+ (e dos seus concorrentes) far-se-á à custa dos media tradicionais, onde a Disney detém ativos importantes (ABC, Disney Channel, ESPN) que geram ainda 38% do volume de negócios do grupo.
Antecipamos um recuo dos lucros, tanto no exercício em curso (encerra a 30 de setembro) em que estimamos uma queda de 8% em base comparável, para os 6,50 dólares por ação, como nos anos seguintes. Dada a subida da cotação, o rácio cotação / lucro está no valor mais alto dos últimos 10 anos. E tendo em conta que a probabilidade de sucesso do Disney+ é uma incógnita, consideramos que o risco de queda da cotação é superior à possibilidade de subidas significativas adicionais. Assim, alteramos o nosso conselho de manter para vender.
Cotação à data da análise: 140,84