Desde a sua fusão com a Gener8, em 2018, a Euronav é o maior transportador marítimo mundial de petróleo e produtos petrolíferos independente (sem ligação a companhias petrolíferas), com uma quota de mercado de 6%. Os 43 navios VLCC (capacidade para 2 milhões de barris de petróleo) constituem 75% da sua frota, mas possui também outros 25 navios Suezmax.
A Euronav é financeiramente sólida, o que lhe permite ter uma estratégia oportunista de compra e venda de embarcações, aproveitando os altos e baixos do ciclo económico. A aquisição da Gener8 (no verão de 2018) parece ter sido oportuna.
Desde então, apesar de as tarifas terem feito um movimento “iô-iô”, os preços de barcos novos e usados aumentaram mais de 10% (refletindo uma visão mais otimista dos armadores). Portanto, sem razão aparente, a cotação da ação (8,98 euros) permanece abaixo do valor contabilístico (estimado em 9,20 euros).
Euronav regressa aos lucros
Os últimos anos foram diferentes. O setor sofreu com um excesso de embarcações disponíveis. Mas nos últimos 6 meses, a Euronav reencontrou-se com os lucros (0,08 euros por ação no primeiro trimestre de 2019). Isto graças ao aumento dos preços dos fretes marítimos, que beneficiaram do aumento das exportações pelos Estados Unidos e de importações pela China (procurando aproveitar a queda do preço do barril no final de 2018) e voltaram a tornar-se rentáveis.
Atualmente, os preços voltaram a afundar, devido a numerosas entregas de novas embarcações, a paragens para manutenção mais longas do que o habitual de refinarias e a fatores sazonais habituais. Assim, o resultado do segundo trimestre será muito fraco, podendo mesmo ficar no vermelho. Mas para o 2º semestre e os dois anos seguintes, esperamos uma melhoria sólida dos resultados.
Boas perspetivas para a Euronav
Para 2019, espera-se um crescimento da procura de petróleo de 1,4 milhões de barris por dia, em linha com a média histórica. O que requer quarenta embarcações VLCCs adicionais.
É certo que, em dezembro de 2018, a OPEP decidiu cortar a produção em 1,2 milhões de barris por dia, ou 3% do petróleo transportado por barco. Mas este não é um problema. Pelo contrário. Porque a China, que se abastecia em países da OPEP (Oriente Médio, sobretudo), virou-se para outros fornecedores, incluindo os EUA. Isso implica distâncias de transporte até 3 vezes mais longas e, portanto, um aumento da procura por embarcações de transporte. O suficiente para ocupar o equivalente a 20 VLCCs adicionais, por si só. E muito mais nos próximos anos. Porque os EUA estão a exportar mais petróleo: as suas exportações atuais já são 30% maiores do que há um ano e, até 2020, eles vão duplicar ou mesmo triplicar.
Além disso, o reforço do embargo ao Irão (desejado por Trump) vai amplificar ainda mais este fenómeno. Os 38 navios iranianos, dos quais metade atualmente já só é usada para armazenamento, ficarão completamente fora de jogo. O aumento da procura, que não pode ser satisfeita, pelos países do Golfo, vai virar-se, sobretudo, para os EUA.
Do lado da oferta de embarcações, novas normas serão aplicadas a partir de 2020 para reduzir as emissões de sulfuretos. Os armadores têm duas opções: ou usar um novo combustível, mais caro (solução escolhida, até agora, pela Euronav) ou fazer ajustes técnicos para continuar a utilizar o combustível atual, mas imobilizando embarcações durante 4 a 6 semanas. Isto irá afetar a oferta: durante o resto de 2019 e provavelmente também no primeiro semestre de 2020, em média, haverá sempre cerca de 20 VLCCs fora do mercado.
Subida do dividendo em 2020?
O mercado deve ser capaz de absorver as entregas previstas dos estaleiros navais para 2019 (cerca de 75 VLCC, para uma frota mundial de 758 navios), mesmo sem ter em conta o abate de embarcações velhas. E as encomendas são menores para os anos seguintes: 41 em 2020, 11 em 202).
A oferta arrisca-se mesmo a não acompanhar a procura. O preço dos fretes deve portanto subir, e com eles o lucro da Euronav: esperamos 0,80 euros por ação em 2020. Não temos dúvidas que a Euronav voltará a ter um dividendo generoso. Para 2020, um dividendo bruto de 0,69 euros é a nossa previsão. Apesar do risco da ação 4 estar acima da média do mercado, o título tem potencial para o longo prazo. Recomendamos a compra, no âmbito de uma carteira diversificada.