Apesar de uma subida orgânica do volume de negócios de 5,9%, a AB Inbev não conseguiu melhor do que estabilizar, em base comparável, o lucro por ação em 0,69 euros no primeiro trimestre, o que é explicado por um efeito cambial desfavorável. O grupo continua numa fase delicada, dada a redução estrutural no consumo de cerveja.
Tendo havido uma melhoria nítida no mercado brasileiro (vendas +16,7%), a AB Inbev continua a perder quota no mercado americano, ainda que de forma ligeira (-0,1%). A nível global, a empresa está muito dependente dos aumentos de preço (crescimento das receitas em 4,6% por efeito de preço), uma estratégia falível se a conjuntura económica se degradar. O desafio é conseguir um maior crescimento dos volumes de vendas.
Os investimentos em inovação (cervejas sem álcool ou pouco alcoólicas, por exemplo) devem impedir melhorias da margem operacional, que já está a um nível elevado (30,5% no trimestre). O pesado endividamento desaconselha novas aquisições, apesar do grupo estar a considerar introduzir em bolsa as suas atividades asiáticas, reduzindo a alavancagem.
Mas só em 2020, o endividamento, deverá voltar a um nível razoável. Tempo dado de avanço às rivais Heineken e Carlsberg.
AB InBev condenada a pagar multa
Acusada em novembro 2017 pela Comissão Europeia por abuso de posição dominante no mercado belga da cerveja, a AB InBev vê-se agora multada em 200 milhões de euros. Este valor já resulta de um perdão equivalente a 30 milhões devido à cooperação do grupo em resolver a situação. Resumidamente, o grupo delimitava aos supermercados e distribuidores belgas o acesso a mercados onde a sua cerveja de referência (Jupiler) era vendida a um preço mais baixo, mais concretamente na Holanda.
Esta decisão, não é um verdadeiro motivo de preocupação para as finanças do grupo já que, este tinha contabilizado uma provisão de um montante equivalente nas suas contas de 2018. No entanto, com esta restrição organizada das vendas transfronteiriças da sua cerveja, que teve lugar entre 2009 e 2016, o grupo reconhece dificuldades em manter os seus preços e, portanto, a sua rentabilidade, num mercado europeu onde os distribuidores são poderosos. Uma fragilidade que a AB InBev gostaria de não sentir tendo em conta o momento atual em que os volumes de venda em todo o mundo são muito baixos e onde a dívida do grupo permanece significativa.
A ação continua cara tendo em conta a qualidade dos seus fundamentais. O nosso conselho permanece inalterado. Venda.
Cotação à data da análise: 73,26 euros