Cinco empresas dominam o mercado da cloud ou nuvem. São elas a Amazon, a Microsoft, a Google, a Alibaba e a IBM. A atividade tem crescido dois dígitos por ano, o que tem levado estes gigantes tecnológicos a adaptarem as suas estratégias de negócio.
Segundo a consultora Gartner, as receitas do mercado da cloud terão crescido 21% para 176 mil milhões de dólares. Em 2021, deverão chegar aos 278 mil milhões, o que representa um crescimento médio de 17% ao ano.
Será uma boa oportunidade para também começar a investir neste setor?
Com a cloud debaixo de olho
Jeff Bezos é o rei da cloud com uma quota de mercado de 32%. Segundo os resultados de 2018, a Amazon Web Services contribuiu com 60% para o lucro operacional do grupo.
No caso da Amazon, há quem equipare o comércio online aos “Pollos hermanos” (referência à série Breaking Bad, cuja trama se centra numa atividade de fachada), enquanto a cloud é o verdadeiro negócio.
Mas se as perspetivas de crescimento são extraordinárias, a valorização atual é igualmente estratosférica. O PER (rácio entre a cotação e o lucro) é de 81. Por outras palavras, seriam precisos mais de 80 anos de lucros para pagar o valor atual das ações. Por isso, recomendamos a venda do título.
Na mesma situação encontramos a líder do comércio online chinês, a Alibaba, que está em níveis que consideramos muito caros. O PER é de 46 e o rácio Enterprise Value/EBITDA de 41, o mais elevado de todas as empresas analisadas. A recomendação é vender.
Em termos de valorização, os níveis da Microsoft, o número dois na cloud, são muito mais razoáveis do que os da Alibaba e Amazon. O rácio cotação/ lucro está em 26, enquanto o valor da empresa (dívida incluída) representa 16 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses. O título não está barato ao ponto de recomendarmos a compra, mas os investidores que querem apostar no cloud computing devem ficar com ele debaixo de olho.
À semelhança da Microsoft, a Alphabet tem indicadores razoáveis para uma líder tecnológica. Consideramos, por isso, que tem algum potencial de valorização, mas não ao ponto de recomendarmos a compra.
Apenas a IBM nos parece ter ainda um potencial de valorização. A empresa não participou na escalada da generalidade do setor porque esteve, e está, a executar uma transição para negócios de maior valor acrescentado, e marca presença na promissora blockchain e inteligência artificial.
Não é uma transformação fácil. O volume de negócios caiu durante seis anos consecutivos, mas, em 2018, as receitas voltaram a crescer, tendo superado a expectativas dos analistas. Desde janeiro, a cotação do título já valorizou 23 por cento.
O que é a cloud?
Hoje, não precisa de comprar um supercomputador para arquivar as centenas de fotos que tirou nas férias, ou os vídeos com as brincadeiras dos filhos, os powerpoints que fez para a empresa onde trabalha ou para a universidade. Pode pôr tudo na cloud (nuvem), com a máxima segurança, sem correr o risco de perder a informação.
Os dados, e até programas, estão acessíveis esteja onde estiver, na Nova Zelândia ou na Índia, desde que tenha uma rede de internet à disposição, um smartphone ou um computador, que podem nem ser seus.
Potentes servidores informáticos, localizados em datacenters gigantes, encarregaram-se de armazenar os dados na cloud.
Enquanto consumidores, os serviços de nuvem mais utilizados são iCloud, Dropbox e OneDrive.
Para as empresas, as vantagens da cloud são ainda mais evidentes. Em vez de terem de suportar custos com equipamentos informáticos, podem pagar uma subscrição para aceder a esses recursos. O investimento é consideravelmente inferior e a flexibilidade muito maior, pois permite aumentar ou reduzir facilmente a capacidade, à medida das necessidades.
Alternativa de investimento na cloud
Outra forma de investir em cloud computing é adquirir um fundo cotado em bolsa. Atualmente, só existe um ETF dedicado à cloud. Tendo em conta que o setor tecnológico está muito valorizado, consideramos que o First Trust Cloud Computing tem um valor correto.
Contudo, a necessidade de diversificar numa área em que há poucas empresas acaba por dispersar o foco deste fundo, que fica parecido a outros dedicados à tecnologia. Entre os investimentos do ETF encontramos o Facebook ou a Zynga (Farmville), que abandonou os seus esforços na nuvem em 2015 e usa agora a Amazon Web Services.
Texto de Myriam Gaspar e Filipa Rendo
Dossiê técnico: André Gouveia