A EDP anunciou uma queda dos lucros de 74% até setembro, para os 0,08 euros por ação, um valor um pouco inferior ao que prevíamos. Em causa está sobretudo a provisão de 0,05 euros por ação para fazer face à alegada sobrecompensação devida pela EDP no âmbito dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual, e o forte ganho obtido com a alienação, em 2017, da espanhola Naturgas.
Sem fatores não recorrentes, o lucro subiu 2%, com o crescimento da EDP Brasil e as melhorias do mercado na Península Ibérica a compensarem as alterações regulatórias em Portugal e a queda do lucro da EDP Renováveis. Por outro lado, os resultados financeiros melhoraram 25,5% graças à descida de 11% da dívida líquida média e de 4,1 para 3,7% do seu custo médio.
Relativamente à OPA da China Three Gorges não há muitas novidades mas é improvável que receba todas as aprovações necessárias, sobretudo nos EUA, apesar de já ter luz verde no Brasil, o que contribuiu para a queda da cotação da EDP abaixo dos 3,26 euros.
O aperto da regulação terá um impacto recorrente nos lucros futuros e reduziu o peso de Portugal nos resultados de 19 para 6% (excluindo renováveis). Mas, a EDP continuará a beneficiar da sua boa diversificação geográfica, do potencial de crescimento nas energias renováveis e no Brasil e da fraca exposição às flutuações do preço de mercado da energia.
Além disso, a otimização do portefólio de ativos, com a venda das atividades que não têm escala, como as centrais mini-hídricas no Brasil e em Portugal, ajudará a controlar a dívida e a manter um bom dividendo. Baixámos as previsões de lucros por ação de 0,16 para 0,14 euros em 2018 e de 0,23 para 0,20 euros em 2019. A ação está barata, pode comprar.
Cotação à data de análise: 3,08 euros