Depois de alguns meses acima dos 3,26 euros oferecidos na OPA pela China Three Gorges (CTG), que já é o maior acionista da elétrica com 23,27% do capital, a cotação da EDP perdeu terreno nas últimas semanas e já está abaixo desse valor.
Em causa estão dois fatores: por um lado, o sucesso da OPA é pouco provável porque depende da aprovação das entidades reguladoras de vários países e porque o preço oferecido é baixo, não havendo, até agora, sinais de uma revisão em alta da oferta nem de uma contra OPA. Por outro, o Governo quantificou já em 285 milhões de euros (ME) a alegada sobrecompensação devida pela EDP no âmbito dos Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que substituíram os Contratos de Aquisição de Energia (CAE) aquando da liberalização do setor da eletricidade, os quais asseguravam aos produtores de energia determinadas condições de remuneração.
Apesar de ir contestar judicialmente a decisão, a empresa avisou que ela terá um efeito negativo nos resultados de 2018 de 200 a 300 ME, o que nos levou e baixar a previsão de lucros por ação de 0,22 para 0,16 euros. Para 2019, mantemos os 0,23 euros. Contudo, este fator não implicará alterações na política de dividendos do grupo, até porque se trata de um efeito não recorrente.
Por fim, a redução da participação do segundo maior acionista da empresa, o consultor de investimento americano Capital Group, de 10 para 3% do capital também pressionou a ação. Ainda assim, está barata e não alteramos o nosso conselho de compra.
Cotação à data de análise: 3,19 euros