A Corticeira Amorim mantém a toada do último ano: bons resultados, mas que não surpreenderam nem constituem um catalisador para levar mais longe a cotação. Manter.
As vendas semestrais da Corticeira Amorim (+12,7% face ao primeiro semestre de 2017) foram impulsionadas pela integração das novas aquisições (Bourrassé e Elfverson) mas o crescimento em base comparável foi consideravelmente inferior (+2,7%) devido à desvalorização do dólar.
O segmento das Rolhas continua a “carregar” o grupo, com um crescimento de 18% das vendas (crescimento sem aquisições: 3,1%; excluindo o efeito cambial, +5,9%). Destaque para o aumento de produção das rolhas premium NDtech (25 milhões neste primeiro semestre, contra 29 milhões em todo o ano de 2017). Contudo, a margem EBITDA desceu (de 20,8% para 19,1%) sobretudo devido ao aumento do custo das vendas e, em menor grau, à menor rentabilidade das aquisições recentes.
Sendo certo que será necessário algum tempo para ganhar eficiência e trazer a rentabilidade das novas aquisições para o (elevado) nível que a secção de Rolhas tem registado, a estratégia de aquisições parece-nos indubitavelmente acertada. Dada a solidez financeira e capacidade de gerar liquidez da Corticeira Amorim. Mesmo após estas operações, o endividamento continua baixo (autonomia financeira de 51%), bem como os custos financeiros.
Nos restantes segmentos, destaque para as persistentes dificuldades do segmento de Revestimentos (segundo maior em volume de negócios): queda de quase 8% das vendas; margem EBITDA de apenas 2,2%. Está em curso uma restruturação (implicando custos não recorrentes que agravaram os resultados semestrais), com o lançamento de novos produtos, tendo em vista restaurar a rentabilidade do segmento mas os seus efeitos apenas deverão ser visíveis no segundo semestre de 2019.
Olhando para o resto do ano, se os resultados do primeiro semestre foram penalizados pelo efeito cambial, a moeda americana tem vindo a recuperar face ao euro nos últimos dois meses, o que se deve refletir positivamente nos próximos resultados. Em contrapartida, esperamos que a margem bruta continue relativamente mais baixa (50% contra 54% no primeiro semestre de 2017) devido ao aumento do custo da cortiça, o que vai limitar o efeito do crescimento das vendas.
Neste cenário, as nossas previsões para o lucro por ação não sofreram alterações significativas. Para 2018 continuamos a estimar 0,60 euros por ação e revimos ligeiramente em alta as de 2019 para 0,65 (antes, 0,62). A ação está corretamente avaliada.