A cooperação entre as duas empresas vai permitir à Telepizza passar de 1607 para 2500 pontos de venda (a Pizza Hut tem 17 mil). Considerando os dados do ano 2017, o volume de negócios passará de 562 milhões de euros para 1,1 mil milhões.
Nos próximos 10 anos, a Telepizza irá abrir 1300 novos pontos de venda em Espanha, Portugal e na América do Sul (com exceção do Brasil, que está fora do acordo), onde os restaurantes Telepizza passarão a trabalhar sob a marca Pizza Hut, ainda que continuem a ser geridas pela Telepizza. Ou seja, a Pizza Hut preocupar-se-á mais com a gestão da marca enquanto a Telepizza se foca na gestão das operações.
As Pizza Hut em Espanha e Portugal, embora mantendo a marca norte-americana e os respetivos produtos, serão geridas pela Telepizza.
Atualmente, a Telepizza realiza 70% do volume de negócios em Espanha e 14% na América do Sul. O acordo com a Pizza Hut permite o crescimento da atividade nesta última região, com maior dinamismo económico do que a Europa.
A consultora Euromonitor International estima que o mercado das pizzas possa crescer mais de 45% até 2020 na América Latina, o mais rápido entre as grandes geografias. Para comparação, a segunda zona com crescimento esperado mais rápido é a da Ásia-Pacífico, com 25%, e o maduro mercado europeu não deve atingir os 4%.
É um fator importante porque o crescimento do volume de negócios nos últimos 4 anos foi de apenas 2,2%, com lucros voláteis. O grupo espera ainda obter sinergias com a operação.
De resto, a Telepizza mantém os elementos essenciais da estratégia que vinha desenvolvendo: lançamento de novos produtos, melhorias dos restaurantes e desenvolvimento do digital.
Em termos da rentabilidade, os resultados da Telepizza são aceitáveis, mas ficam aquém dos gigantes do setor da fast-food, como a McDonald’s. A rentabilidade dos capitais próprios (Return on Equity, ROE) é muito baixa: -0,3% em 2015, 2,2% em 2016 e 5,1% em 2017.
EBITDA / Vendas (%) | FCF1/Vendas (%) | |||
2016 | 2017 | 2016 | 2017 | |
Telepizza | 9,3% | 18,4% | 7,6% | 10,8% |
McDonald’s | 37,8% | 42,3% | 17,1% | 16% |
Conclusão
A aliança com a Pizza Hut é um passo lógico e positivo para um grupo que pretende crescer fora de Espanha, o seu mercado natural. Temos contudo algumas reservas quanto à capacidade de melhorar de forma duradoura a rentabilidade, através desta aliança.
Olhando para alguns indicadores de avaliação, a Telepizza está a negociar a 15,7 vezes os lucros de 2017, ligeiramente abaixo do rácio cotação / lucro do setor que é de 17,6.
O cenário é semelhante se considerarmos antes o rácio que relaciona o Enterprise Value (valor do capital e da dívida da empresa – é uma medida do valor total da empresa, especialmente interessante para comparar empresas com diversos níveis de endividamento) com o EBITDA (resultados antes de impostos, juros e amortizações e depreciações – uma aproximação ao dinheiro gerado pelo negócio).
O EV/EBITDA da Telepizza é de 9,3 contra 9,7 do setor. Notamos contudo que apresenta números um pouco acima do mercado espanhol (P/E:13 e EV/EBTIDA: 8.2), o que pode arrefecer o entusiasmo pelo título no seu principal mercado.
Em nossa opinião, se já detém a ação, deve manter mas não nos parece suficientemente interessante para merecer uma recomendação de compra.