A divulgação de um acordo entre a Pareuro e a TEAK Capital provocou uma queda da cotação da Sonae Indúsria na sessão de quarta-feira.
A Sonae Indústria caiu 8,3% na sessão de quarta-feira (durante a qual chegou a estar a perder mais de 10%), no seguimento da divulgação de um acordo entre a Pareuro, subsidiária da Efanor (a principal acionista da Sonae Indústria, da família Azevedo) e a TEAK Capital, empresa controlada por Carlos Moreira da Silva, vice-presidente do Conselho de Administração da Sonae Indústria.
Para contextualizar: a 22 de fevereiro de 2016, a Pareuro concedeu à TEAK Capital uma opção de compra sobre 15% do capital e direitos de voto da Sonae Indústria, a um preço correspondente a 3,30 euros. A TEAK teria o direito, mas não a obrigação, de comprar estas ações ao preço referido, podendo exercer essa opção a 30 de abril de 2018. A ser exercida, a opção representaria uma redução da participação da Pareuro que é detida pelos herdeiros de Belmiro de Azevedo, que continuariam ainda assim maioritários.
Esta comunicação ao mercado veio revelar que a opção de compra não foi exercida. Em vez disso, foi concedida uma nova opção de compra em termos bastante distintos. Abrange agora 2 milhões de ações, correspondente a apenas 4,4% do capital da sociedade, fixa o preço de exercício em 4,20 euros e com data de exercício em abril de 2021.
Juntou ainda a possibilidade de, em vez de a TEAK exercer a opção para adquirir os 2 milhões de ações, poder receber apenas um número de ações equivalente ao “ganho” da opção (diferença entre o preço de exercício e o preço de mercado, supondo que este esteja acima do 4,2 euros na data de exercício). Os novos termos parecem sugerir um menor interesse do administrador em deter uma participação elevada na Sonae Indústria.
Existem diversos fatores que podem explicar o não-exercício da opção. O principal é que esta estava out-of-the-money, ou seja, o preço de exercício estava acima da cotação ou preço de mercado (mas ainda assim um investidor interessado poderia exercer a opção, já que com apenas 30% do capital disperso em bolsa, as aquisições em mercado de uma tal quantidade de ações fariam disparar o preço).
No entanto, se o não-exercício da opção não é necessariamente um sinal negativo relativamente à evolução da empresa, o seu exercício seria indubitavelmente um sinal positivo, que não se verificou.
Poderá ter sido isso a penalizar a cotação da ação, na sequencia de outros catalisadores positivos que não se materializaram: os resultados de 2017 foram dececionantes e não se concretizou a entrada no PSI-20, que chegou a parecer provável.
É neste contexto sensível que a Sonae Indústria vai apresentar os resultados do 1.º trimestre já no próximo dia 9 de maio. As nossas estimativas esperam um trimestre bastante mais fraco que o do ano anterior, a principal razão para a revisão em baixa das nossas estimativas para o conjunto do ano (de 0,57 euros por ação para 0,46 euros). Entretanto, pode manter o título.