CTG quer controlo da EDP
A CTG, maior acionista da EDP com 23,27% do capital, anunciou o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital não detido da maior elétrica nacional.
O preço oferecido é de 3,26 euros por ação, a que corresponde um prémio (muito baixo) de 4,8% face à cotação de fecho da última sexta-feira (3,11 euros) e de 10,8% face à cotação média ponderada dos últimos seis meses (2,94 euros).
A oferta está sujeita à aprovação das autoridades competentes em vários países onde a EDP opera, à não oposição do Governo português, que parece já estar “assegurada”, à revogação, em assembleia geral, do atual limite de 25% dos direitos de voto de cada acionista da EDP e à obtenção de um mínimo de 50% mais um dos direitos de voto, apesar de a CTG poder renunciar mais tarde a esta última condição.
De realçar ainda que a CTG não pretende retirar a EDP de bolsa, mesmo que viesse a obter mais de 90% do capital, o que lhe permitiria lançar uma OPA potestativa. O objetivo da CTG é obter o controlo da EDP e antecipar-se à concorrência numa eventual disputa pela elétrica nacional.
Baixo preço compromete OPA
Nas condições atuais, o sucesso da OPA é muito improvável. Desde logo, o preço oferecido é muito baixo, sobretudo tendo em conta que o objetivo é obter o controlo da empresa, sendo até inferior ao valor que a CTG pagou no início de 2012 para entrar no capital da EDP (3,45 euros por ação).
Prova disso mesmo é o facto de a cotação estar, esta segunda-feira, a subir mais de 10% em bolsa e a negociar a valores mais de 5% acima do preço da oferta. Assim, apesar do calendário da operação ainda estar longe de ser conhecido, não aconselhamos a venda, já que, mesmo a 3,26 euros, a ação está barata.
Além disso, esta OPA vem reforçar o caráter especulativo do título. Nos últimos meses, tem havido rumores de que outras elétricas europeias, nomeadamente a francesa Engie e a espanhola Gas Natural, também poderão estar interessadas na compra da EDP, que tem uma dimensão média a nível europeu e um negócio apetecível, sobretudo nas energias renováveis.
Logo, o surgimento de ofertas concorrentes e uma revisão em alta do preço oferecido pela CTG não são cenários a descartar.
Depois, a nível regulamentar e de concorrência também poderá haver obstáculos porque a CTG é detida pelo Governo chinês, que possui também a State Grid, o maior acionista da REN com 25% do capital, pelo que a produção e a distribuição de eletricidade ficariam nas mãos do mesmo acionista, neste caso, o Governo Chinês.
Por fim, ainda não é conhecida a posição da administração da EDP mas seria estranho que considerasse o preço adequado, já que é seu dever representar todos os acionistas.
Pelas razões invocadas e dado que a ação continua barata, mantemos o nosso conselho de compra, mas permanecemos atentos à evolução da cotação e a novos desenvolvimentos que possam surgir.
Mantenha a EDP Renováveis
A CTG anunciou também o lançamento de uma OPA obrigatória à EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação, menos 6,6% que a cotação de sexta-feira (7,845 euros).
Esta OPA está condicionada ao lançamento da oferta sobre a EDP e o valor oferecido também é muito baixo. O objetivo da CTG é comprar o mínimo possível da EDPR. De facto, como a EDP já detém 82,6% do capital, os esforços da CTG concentram-se na casa mãe. Por isso, a CTG também pretende manter a EDPR cotada em bolsa.
Pode manter EDPR, que está corretamente avaliada e cuja cotação já ultrapassou os 8 euros na negociação desta segunda-feira.