Um acordo "desastroso"
Concluído em 2015, entre o Irão, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França) e a Alemanha, o acordo levantava as sanções económicas ao Irão, em troca do congelamento e controlo do programa nuclear de Teerão durante dez anos.
Donald Trump sempre se opôs a este acordo, pois considera que o Irão apenas quer ganhar tempo para executar melhor o seu projeto de armas nucleares no futuro. Por fim, o rompimento do acordo, descrito como “desastroso”, foi uma promessa de Trump, pelo que a decisão não surpreendeu os investidores.
Apesar do preço do petróleo ter atingido o nível mais elevado desde novembro de 2014, as tensões no mercado petrolífero permaneceram relativamente limitadas. Além da antecipação, a serenidade dos investidores é explicada pela imprecisão da decisão de Trump.
Enquanto os outros signatários do acordo quiserem mantê-lo, o petróleo iraniano poderá continuar a chegar ao mercado internacional, sobretudo via China, o maior cliente do Irão. O caso iraniano é mais uma incerteza a acrescer a outras.
Mercado oscilante
No início de 2016, particularmente após o retorno do petróleo iraniano ao mercado internacional, o preço do barril estava em mínimos e poucos esperavam uma forte recuperação.
No entanto, vários fatores mudaram completamente a situação. O mais importante é a boa recuperação económica mundial que impulsionou a procura, que é hoje de 98 milhões de barris por dia contra 93,47 milhões no primeiro trimestre de 2016.
Ao mesmo tempo, o aumento da produção manteve-se contido, progredindo lentamente de 95,73 milhões, no início de 2016 para os atuais 98 milhões. Em menos de dois anos, a procura absorveu um excedente de oferta de mais de 2 milhões de barris.
Esta situação é uma vitória para a OPEP e para a Rússia, que assinaram um acordo em novembro de 2016 para limitar a produção e assim suportar o preço do petróleo. Além desta limitação voluntária, a produção também foi reduzida em alguns países devido a problemas políticos: Iraque, Líbia, Nigéria, Venezuela...
Riscos sob controlo
Não há dúvida de que a situação no mercado petrolífero é tensa, pois a oferta este ano será apenas suficiente, de acordo com as últimas previsões da OPEP.
Qualquer declínio na produção pode, portanto, causar escassez e fazer com que o barril suba rapidamente.
No entanto, os investidores permanecem calmos por vários motivos. O primeiro é a produção do petróleo de xisto nos Estados Unidos. Qualquer aumento no preço do petróleo impulsiona imediatamente a perfuração e a produção dos EUA.
Desde o preço mínimo atingido em janeiro de 2016, a produção americana já aumentou 2 milhões de barris por dia.
Além disso, a OPEP também pode aumentar a produção, que é deliberadamente limitada pelo acordo com a Rússia, e a Arábia Saudita já se mostrou pronta para substituir o petróleo iraniano nos mercados mundiais.
Por fim, petróleo mais caro penaliza a procura. A Agência Internacional de Energia já baixou a previsão de procura este ano, após os aumentos de preços das últimas semanas.
Não é previsível um disparo do preço do petróleo, mas é possível que haja uma subida gradual nos próximos meses, embora a economia esteja forte o suficiente para resistir.
Ações para investir
O aumento do preço do petróleo é uma boa notícia para os players do setor. Recomendamos a compra de 4 ações:
– A Chevron conta com projetos de investimento de média dimensão para melhor controlar os riscos assumidos. O mercado americano de petróleo de xisto ganhará mais peso nos próximos anos;
– A Exxon Mobil mostra-se finalmente mais dinâmica ao lançar um grande plano de investimento até 2025: aumento da produção de hidrocarbonetos, foco na química e na refinação com margens mais elevadas;
– A Galp está bem posicionada no promissor mercado brasileiro mas também em Moçambique e deverá manter um elevado crescimento da produção nos próximos anos, ficando menos dependente da Refinação & Distribuição;
– A Repsol está a recuperar a rentabilidade e a aumentar a solidez do seu balanço. Um novo plano de crescimento será apresentado nas próximas semanas. As metas serão anunciadas em termos de rentabilidade e de volumes de produção.