A venda da Naturgas estimulou os lucros mas a empresa baixou um pouco as suas previsões devido à seca. A pressão regulatória tem afetado o título, que mantém um perfil atrativo e está barato. Comprar.
A EDP obteve lucros de 0,32 euros por ação nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 86% face a igual período de 2016. Porém, sem fatores não recorrentes, nomeadamente a elevada mais-valia obtida com a venda da espanhola Naturgas, o lucro recuou 4% para 0,17 euros por ação.
De facto, a fraca pluviosidade registada na Península Ibérica afetou a produção hídrica (-56%), o que implicou maiores custos para a EDP, que teve de recorrer mais ao carvão e ao gás natural para produzir eletricidade. Assim, o EBITDA recorrente caiu 4%, apesar do bom contributo da EDP Renováveis (+17%) e da EDP Brasil (+13%), que beneficiou da apreciação do real face ao euro. A nível financeiro, o resultado melhorou 8% devido sobretudo ao menor custo médio da dívida.
A EDP baixou ainda a sua previsão de lucros recorrentes para este ano, de 919 para entre 850 a 900 milhões de euros (obteve 633 ME até setembro) devido à seca que diminui a produção de eletricidade nas barragens e a maiores custos regulatórios. Apesar disso, o grupo mantém o dividendo (0,19 euros brutos por ação), tal como prevíamos.
Apesar de tudo, a EDP mantém uma estratégia adequada de aposta nas energias limpas e na diversificação geográfica e o título combina um perfil de baixo risco da sua atividade, devido à sua fraca exposição à volatilidade dos preços de mercado, com um bom potencial de crescimento nas renováveis. Em face da mais-valia superior ao esperado registada no trimestre, subimos a previsão de lucros por ação de 0,34 para 0,37 euros, em 2017, mas mantemos a de 2018 nos 0,24 euros.
Cotação à data da análise: 2,91 euros