Os dados operacionais da Mota-Engil no semestre corresponderam às nossas expectativas e foram bem recebidos pelo mercado. Mas traduziram-se num resultado líquido diminuto.
No primeiro semestre, o volume de negócios da Mota-Engil cresceu 15% face ao 1º semestre de 2016. A maior parte do crescimento veio da América Latina (crescimento das receitas de 37%), onde a rentabilidade é baixa (margem EBITDA de 8%, contra 16% do grupo), o que mitigou o impacto do grande crescimento das receitas.
Na área financeira, há a assinalar melhorias ligeiras, mas o grupo continua muito alavancado (autonomia financeira é de apenas 7%, ainda que deva melhorar até final do ano). O resultado líquido de 0,02 euros por ação foi muito inferior ao esperado, dado que 88% do lucro foi atribuído a interesses não controlados. Embora aguardássemos um aumento considerável nesta rubrica, nomeadamente devido à EGF que tem uma rentabilidade relativamente elevada, é um valor muito acima do esperado. A empresa esclareceu que não será recorrente, mas ainda assim a proporção do lucro pertencente a minoritários manter-se-á elevada.
Em consequência, as nossas estimativas de lucro por ação são revistas em baixa considerável: para 2017 esperamos agora 0,08 euros por ação (antes, 0,13) e para 2018 prevemos 0,10 (antes, 0,18). Só a partir de 2018 é que esperamos uma real progressão dos lucros, com projetos de grande dimensão em África.