A Navigator apresentou bons resultados semestrais, impulsionados pela retoma na venda de energia. As perspetivas para os mercados de papel e pasta melhoraram de forma assinalável.
As vendas cresceram 4,4%, com a queda dos preços do papel (face a 2016) a ser compensada pela subida do valor das vendas de pasta, e pelo regresso à normalidade da venda de cogeração de energia à rede (as vendas haviam sido reduzidas após uma alteração das tarifas aplicadas à central de cogeração da Figueira da Foz). Também as vendas de papel tissue cresceram, mas representam apenas 2% das vendas. Aliás, o esforço comercial para conquistar novos clientes levou à queda do preço médio de venda neste segmento.
Há que reter que o segmento do papel é, de longe, o mais importante (84% das receitas de 2016), pelo que não foi possível à Navigator evitar uma descida ligeira da margem EBITDA (caiu -0,7%, de 25,1% para 24,4%) face ao período homólogo de 2016), apesar das iniciativas de reduções de custos em curso. Contudo, apesar de estar abaixo do valor de 2016, o preço médio de venda de papel tem vindo a recuperar (tendo já sido implementados 3 aumentos de preço em 2017), e deve continuar a subir,
A força recente do euro face ao dólar é um desenvolvimento negativo, sobretudo se a tendência se mantiver. Mas as vendas ao mercado de pasta representam uma pequena parte das receitas (cerca de 10%), e a empresa dirigiu apenas 8% das vendas de papel para a América do Norte.
Outra nota negativa: a operação de pellets nos EUA, resultado de um investimento feito nos exercícios de 2015 e 2016, está a ter um arranque difícil, devido ao preço baixo da mercadoria, pelo que o contributo para o EBITDA foi negativo, no 1º semestre. No entanto, é um segmento ainda praticamente irrelevante.
A administração revelou ainda que o impacto a curto prazo dos incêndios que ocorreram foi praticamente nulo para as operações da empresa, estando o fornecimento de madeira às fábricas assegurado. Poderá eventualmente haver um impacto indireto por terem sido afetados alguns fornecedores, mas será pouco relevante As novas restrições à plantação de eucaliptos são negativas mas apenas a longo prazo.
Revemos em alta as nossas estimativas, sobretudo devido às perspetivas muito mais otimistas para os mercados de pasta e de papel, face ao que era esperado no início do ano. Esperamos agora 0,29 euros por ação em 2017 e 2018 (antes, 0,24 e 0,26, respetivamente). A Navigator está corretamente avaliada, mantenha.
Cotação à data da análise: 3,55 euros