A construtora anunciou novos contratos, incluindo um de grande dimensão, que deverão impulsionar as receitas e a rentabilidade nos próximos anos. Mas o risco é elevado.
A Mota-Engil anunciou recentemente a adjudicação de novos contratos em África, merecendo especial menção um contrato em Moçambique que ascende a 1075 milhões de euros, o que corresponde a cerca de um quarto da carteira de encomendas da Mota–Engil no final de 2016.
Contratos de grande dimensão permitem rentabilizar melhor os ativos fixos, sendo que as margens em África são superiores (margem EBITDA de 26% contra 15% do grupo como um todo, em 2016). Contudo, o financiamento ainda não está garantido, o que agrava o risco. A construção em Portugal representa apenas 5 a 10% da atividade da Mota-Engil, pelo que o impacto de uma possível melhoria no setor será reduzido.
Mantemos a estimativa de lucro por ação para 2017 em 0,13 euros, mas 2018 é revisto em alta para 0,18 euros. A ação está barata por alguns indicadores, mas tem um risco demasiado elevado. O endividamento é excessivo (autonomia financeira de apenas 8%). E há ameaças à concretização destes projetos, nomeadamente a queda dos preços do petróleo e a debilidade económica de países como Moçambique, cuja situação atual é frágil. Além disso, a empresa não divulgou dados trimestrais, o que retira visibilidade. O nível de risco muito elevado desaconselha a compra.