Em janeiro, a Liberty Media comprou o grupo Fórmula Um por 8 mil milhões de dólares. Agora irá gerir a terceira competição mais popular no mundo (após os Jogos Olímpicos e o Campeonato do Mundo de Futebol) com quase 400 milhões de espetadores. A Liberty Media, que também detém parte da Live Nation (organização de espetáculos), irá mudar a designação para Formula One.
A competição, que fez a fortuna de Bernie Eccelstone, gera muito dinheiro: em 2016, o lucro operacional foi de 1,5 mil milhões de dólares distribuídos pela própria F1 (33%) e as equipas (67%). Contudo, os últimos anos têm sido menos bons. A Liberty Media quer revitalizar o interesse na competição, em concertação com outras partes interessadas como os organizadores dos Grand Prix, as equipas, os construtores automóveis e os patrocinadores (UBS e a Heineken são os patrocinadores oficiais).
Nos últimos anos diminuiu o número de construtores automóveis envolvidos na F1 (apenas 4 em 2017), saíram vários patrocinadores emblemáticos e o número de telespetadores caiu, particularmente na Europa, o berço da F1. No entanto, esta queda deve-se em grande parte ao aumento da difusão do evento em canais premium mais rentáveis para a F1. Os direitos televisivos são a principal fonte de receita (35%). Segue-se os montantes pagos pelos organizadores dos Grand Prix (32%) e depois os patrocinadores e a publicidade (15%).
Para fazer crescer as receitas, a Liberty Media quer aumentar o número de eventos, tendo como alvo os Estados Unidos e os países emergentes (bom para os fabricantes de automóveis cada vez mais dependentes destes mercados) e multiplicar as fontes de receita (por exemplo, conteúdos digitais). Projetos interessantes, mas à cotação atual, a Liberty Media não está atrativa: não compre.
O grupo de media norte-americano vai assumir as rédeas da Fórmula 1 e tentar catapultar o evento para novos mercados. Aos níveis atuais, a cotação já reflete o potencial dos projetos e está pouco atrativa. Não compre.
Construtores na linha da frente
As escuderias são fundamentais pois assumem a maior parte dos investimentos em conjunto com os patrocinadores. Entre as equipas participantes, algumas estão diretamente relacionadas com fabricantes de automóveis: Mercedes (Daimler), Ferrari e Renault. Outras dependem de investidores ou patrocinadores como as equipas Williams (Mercedes), McLaren (Honda), Red Bull (Renault), Force India (Mercedes), etc. Os orçamentos variam entre 100 milhões de euros para as escuderias mais pequenas até 400 milhões euros para as equipas de topo. Estes são, de longe, os orçamentos mais elevados para participar numa prova automóvel. Por isso, e apesar do dinheiro dos patrocinadores, algumas equipas têm grandes dificuldades em fazer face às despesas. Por exemplo, a Renault comprou a Lotus no final de 2015 e a Manor foi liquidada em janeiro 2017.
A par das equipas, atuam fabricantes de equipamento como o fornecedor exclusivo de pneus, a Pirelli, e o fabricante de travões de alta performance Brembo.
O retorno do investimento é difícil de quantificar, mas a Fórmula 1 é um grande laboratório para os construtores exibirem as mais recentes tecnologias e popularizar as suas marcas. Na Renault, o orçamento da F1 representa cerca de 0,7% do volume de negócios e na Mercedes é de 0,3%, valores pouco significativos. Para a Ferrari, com 12%, o impacto é muito maior, mas a F1 está no ADN do grupo.
Outras competições
A F1 é, sem dúvida, a emblemática das competições automobilísticas, mas há outras que também permitem retornos do investimento. A Peugeot concentra-se nos Rallies (através da Citroën), enquanto a Porsche e a Audi (Volkswagen) apostam no endurance. A BMW tem grandes ambições para 2017, com um regresso às 24 Horas de Le Mans, após uma ausência de cinco anos, e a entrada no campeonato de Fórmula E, a Fórmula 1 elétrica.