A venda da Naturgas e a OPA sobre a EDP Renováveis (EDPR) são duas operações positivas para a EDP, que não alteram o cariz defensivo do título. Em bolsa, a ação reagiu em alta mas mantém-se barata.
A EDP anunciou duas operações significativas em simultâneo: a venda a um grupo de investidores da Naturgas por 2591 milhões de euros (ME) e o lançamento de uma OPA sobre os 22,5% não detidos da EDPR, a 6,80 euros por ação.
A venda da distribuidora de gás espanhola, que ainda terá de ser aprovada pelas autoridades, é efetuada a um bom preço, permitirá um encaixe elevado e gerará uma mais-valia de cerca de 700 ME (0,19 euros por ação) em 2017.
A EDP manterá a atividade de comercialização de gás aos seus clientes em Espanha, apenas venderá o negócio da distribuição que gerou 4,4% do EBITDA do grupo em 2016. O dinheiro obtido será empregue na OPA à EDPR, num máximo de 1333 ME (no caso de conseguir ficar com os 100%) e o restante na redução da dívida do grupo, que é um dos seus principais objetivos, querendo atingir um rácio dívida líquida/EBITDA de 3 em 2020 (contra 4,2 em 2016).
Quanto à OPA, o seu racional é mais discutível, uma vez que a EDP já controla a EDPR. Porém, permitirá reduzir os interesses minoritários e, consequentemente, aumentar os lucros atribuídos ao grupo, integrar por completo a área com maior potencial de crescimento e poupar nos custos, se a EDPR sair de bolsa, como parece ser o objetivo. As duas operações deverão estar concluídas até ao início do terceiro trimestre.
Subimos a previsão de lucros por ação de 0,23 para 0,38 euros em 2016 mas mantemos a de 2018 nos 0,24 euros.