A decisão da Mota-Engil em não apresentar resultados relativos aos primeiros nove meses de 2016 deixa os investidores às escuras sobre a evolução de pontos-chave da estratégia da empresa.
A decisão de não apresentar resultados trimestrais dificulta o trabalho de investidores e analistas, até pela diversidade das atividades e geografias em que a construtora opera, bem como, por estarem em cursos transições estratégicas (predominância da América Latina, em detrimento de África, alienação de ativos e investimento em novas áreas de negócio).
Há, no entanto, desenvolvimentos a ter em conta. A eleição de Trump foi um deles, pelo efeito negativo sobre o México. É neste mercado, que representou 42% do volume de negócios do grupo na América Latina durante o 1.º semestre de 2016, que a Mota-Engil está a lançar a sua aposta na geração de eletricidade.
O crescimento a longo prazo poderá ser afetado. Também as dificuldades que atravessam alguns dos principais mercados (Angola e mais recentemente Moçambique) são um contra. Pela positiva, a recuperação do preço do petróleo poderá melhorar a situação económica de diversos mercados chave do grupo, mas esperamos que esse efeito se faça sentir sobretudo a partir do 2º semestre deste ano.
Embora a incerteza seja agora maior, revemos em baixa as estimativas de lucro por ação: 0,67 euros em 2016 (antes, 0,69 euros), e para 2017 antevemos 0,13 euros (antes, 0,15).