O BCP anunciou mais um aumento de capital, desta vez sem supressão dos direitos de subscrição dos acionistas. O intuito é pagar a dívida ao Estado e reforçar a solvabilidade do banco.
Menos de 2 meses passados desde o último aumento de capital realizado com a supressão dos direitos dos acionistas e a subscrição reservada aos chineses da Fosun, que assim entraram na estrutura acionista do banco, o BCP volta a anunciar mais um aumento de capital.
Agora, o encaixe será de 1,3 mil milhões de euros (ME), bem acima dos 175 ME do anterior aumento. Destina-se em parte a reembolsar ao Estado a dívida restante de 700 ME (após ter pago 50 ME no último dia de 2016) de um total de 3 mil ME que o banco contraiu em 2012 no plano de capitalização.
O empréstimo deveria ser integralmente pago até junho de 2017, senão o Estado convertia a dívida em capital e tornava-se acionista do BCP. O encaixe permitirá também reforçar o rácio de solvabilidade CET 1 (fully implemented) de 9,5% para 11,4%, um valor confortável.
O aumento de capital está assegurado dado que tem tomada firme pelos bancos estrangeiros que participam. O maior acionista do BCP é a Fosun (tem 16,7%) que irá exercer e tentar comprar direitos para reforçar a sua posição até 30% do banco. A angolana Sonangol já foi autorizada pelo BCE a reforçar a sua posição no BCP até 30% (agora tem 14,9%) mas nada disse sobre este aumento de capital.
Por cada ação detida, os acionistas irão receber um direito que permite subscrever quinze novas ações ao preço unitário de 0,094 euros. Ainda não foi fixada a data para a operação e o período de negociação dos direitos.
Tendo por base a cotação atual da ação (0,8454 euros), cada direito permite subscrever 15 novas ações e teoricamente deverá valer cerca de 0,705 euros. Desde o anúncio, a cotação caiu 18,8% e o nosso conselho é manter a ação em carteira e vender os direitos.
Contudo, poderá demorar algum tempo até à operação, a ação é volátil e está barata apesar das incertezas sobre o setor em Portugal que pesam no título, pelo que continuaremos atentos e logo que haja novos desenvolvimentos voltaremos ao tema.