A empresa revelou o seu plano estratégico StepUp2020. A construtora enfrenta atualmente duas grandes dificuldades: a falta de rentabilidade, sobretudo com a diminuição da atividade em Angola e o elevado endividamento. É interessante verificar até que ponto o novo plano responde a estas preocupações.
Do ponto de visto operacional, a construtora procurará focar-se em projetos com maior escala e rentabilidade. Mais relevante, irá apostar nas infraestruturas e procurar subir na cadeia de valor, deixando de ser uma simples construtora para ser um fornecedor de soluções completas naquela área. Para isto conta com o know-how obtido com a aquisição da EGF no tratamento de resíduos.
Do ponto de vista financeiro, o plano revela uma preocupação com uma gestão mais criteriosa dos investimentos e do fundo de maneio, além de continuar a alienar ativos não estratégicos, e assim melhorar a geração de cash flow. O grande objetivo é a redução da dívida e o reforço da estrutura de capitais.
Os objetivos fixados para o crescimento são ambiciosos: aumentar o volume de negócios em cerca de 11% ao ano (por referência a 2015); manutenção da margem EBITDA em 15%; melhoria da margem líquida para 3%. Não foram contudo definidos objetivos precisos para a redução da dívida.
De acordo com o diagnóstico que fizemos, as novas orientações estratégicas parecem-nos acertadas, mas receamos que os objetivos definidos sejam demasiado otimistas, em particular no que se refere ao crescimento das receitas.
Não estando fora de alcance, as metas fixadas vão exigir não só uma execução quase perfeita por parte da empresa, como uma evolução muito favorável das diversas variáveis macroeconómicas, o que no curto prazo está longe de ser uma certeza. Este plano é um passo na direção certa, mas continuamos prudentes, sem entrar em euforias. A Mota-Engil apresenta resultados trimestrais a 22 de novembro. Limite-se a manter.