O BCP irá finalmente proceder ao reagrupamento ou “fusão” de ações sem redução de capital social (reverse stock split). Esta operação irá processar-se nos termos anteriormente aprovados na assembleia geral realizada em abril deste ano: o rácio de 1:75 para o reverse stock split significa reduzir o número total de ações.
Na prática, o acionista irá ficar com uma nova ação por troca por cada lote de 75 ações antigas. Haverá um arredondamento por defeito e as ações sobrantes serão pagas ao preço de 0,0257 por ação, um valor que corresponde à média ponderada negociada na Euronext Lisboa nos seis meses anteriores à data do anúncio. O dia 21 de outubro é a data relevante em que é feita a divisão do números de títulos detidos por 75 para determinar o número inteiro de novas ações a atribuir. Em bolsa, o reagrupamento será processado no dia 24 de outubro.
Com o reagrupamento de ações, o valor total da empresa não se altera em nada e o mesmo se passa com o património total dos acionistas que também não se altera, apenas ficará dividido por um menor número de títulos. Mas esta operação pretende ter efeitos positivos na negociação do BCP em bolsa, visando baixar a elevada volatilidade da ação devido ao reduzido valor de cotação atual. Teoricamente o valor irá ser multiplicado por 75 (com base na cotação atual de 0,0151 euros, a ação passará a cotar em torno de 1,1325 euros) e isso poderá atrair de novo os investidores que se afastam dos títulos de cotação reduzida e volatilidade elevada.
Além disso, o reagrupamento de ações era um requisito prévio exigido pela holding chinesa Fosun para subscrever ações do BCP num possível aumento de capital privado, de acordo com a proposta que enviou ao BCP no final de julho. Esta proposta já mereceu uma apreciação favorável por parte da administração do banco que mandatou a comissão executiva para prosseguir as negociações com a Fosun. Esta pretende subscrever inicialmente 16,7% do capital social do BCP, podendo mais tarde vir a reforçar a sua posição até 20% ou 30%, quer através de compras no mercado secundário ou eventualmente através de futuros novos aumentos de capital.
Recordamos que este possível aumento inicial de capital reservado à Fosun irá diluir as posições dos restantes acionistas mas permitirá ao banco obter no máximo um encaixe de até 236 milhões de euros (com base no preço de subscrição máximo definido de 0,02 euros a pagar pela Fosun por cada nova ação do BCP) que o ajudará a pagar uma parte do endividamento de 750 milhões de euros que ainda tem perante o Estado da dívida contraída em junho de 2012 no seu plano de recapitalização e que deverá ser pago até julho do próximo ano. Este financiamento tem um custo muito elevado que o BCP paga ao Estado: juros de 10% ao ano.
Em breve teremos novos desenvolvimentos sobre a possível entrada da Fosun na estrutura acionista do BCP e voltaremos ao assunto. Entretanto, pode manter o título em carteira.