A Seaspan distribui um dividendo generoso (rendimento bruto perto de 9%). Mas o risco é considerável, pois o mercado de porta-contentores navega por águas agitadas. A ação está correta.
Em teoria, a ação deste armador tem tudo para agradar. A Seaspan lança regularmente novos barcos, cada vez maiores, que alugam por prazos não inferiores a 17 anos. Os contratos de longo prazo parecem imunizar a empresa dos caprichos do mercado, dando grande visibilidade sobre a atividade e daí vem o dividendo generoso.
Infelizmente, os seus clientes não têm as mesmas condições. A degradação do mercado do transporte marítimo por contentores (dado o abrandamento do comércio mundial e a sobrecapacidade crónica do setor) mantém as taxas de fretes a níveis historicamente baixos e coloca dificuldades aos seus clientes.
Hanjin Shipping, o nº1 sul coreano, enfrenta dificuldades financeiras e quer renegociar os pagamentos contratuais à Seaspan. O risco parece-nos contido pois a Seaspan sempre mostrou firmeza face a este tipo de exigências e porque a Hanjin representa apenas 4% do volume de negócios da Seaspan que, desde 2009, procurou diversificar a sua clientela.
No entanto, é um facto que os clientes da Seaspan são vulneráveis às condições adversas do mercado, e um default de vários dos seus clientes, num período relativamente curto, poderia ainda assim deixar o armador sino-canadiano numa situação financeira precária.