Invista com conta, peso e medida
Desde os mínimos de 2016, o setor petrolífero mundial registou uma valorização em bolsa de 29% (cerca de 24% em euros). No entanto, mesmo aos valores atuais, há empresas que permanecem um investimento interessante desde que não se exponha demasiado ao setor: cada título não deve exceder 5% da sua carteira.
BP (rendimento de -0,6% em 2016, incluindo dividendos): o lucro trimestral foi ligeiramente melhor do que o previsto graças à refinação e ao trading. A redução de custos é importante, já que, segundo a administração, permite ao grupo atingir o equilíbrio com um preço do barril entre 50 e 55 dólares em 2017, contra a anterior previsão de 60 dólares. A BP tem um perfil de crescimento um pouco menos dinâmico do que a Exxon e a Chevron e há o risco de um corte dos dividendos.
Chevron (+9,5%): a petrolífera americana dececionou ao apresentar perdas no primeiro trimestre. Com cerca de 70% da sua produção no petróleo (50% na Exxon), o grupo é mais sensível ao preço do barril. Para compensar, acentuou os cortes de custos e a venda de ativos. A Chevron aposta agora em alguns grandes projetos para impulsionar o crescimento, mas cuja rentabilidade terá de ser confirmada. O impacto desta estratégia será limitado em 2016, mas irá trazer melhorias em 2017.
Encana (+28,2%): esperamos perdas em 2016 apesar das medidas tomadas pela empresa. As vendas de ativos vão prosseguir para solidificar o (frágil) balanço. Após a subida da cotação, o potencial de valorização é muito limitado para justificar o conselho de compra, apesar de o grupo estar empenhado na recuperação.
ENI (-2%): as perdas nos primeiros três meses do ano surgem após um quarto trimestre de 2015 também negativo, o que nos leva a reduzir as estimativas para 2016 e 2017. É importante que a ENI conclua bem o seu plano de venda de ativos para sanear a sua situação financeira.
Exxon (+11,5%): apesar da Standard & Poor’s ter reduzido o rating de AAA para AA +, a Exxon continua a financiar-se em muito boas condições e adapta-se à conjuntura através da redução do investimento e dos custos. Um sinal de confiança é ter subido o dividendo de 0,73 dólares no primeiro trimestre para 0,75 no segundo, demonstrando que a remuneração dos acionistas mantém-se uma prioridade. O ano de 2016 continuará a ser difícil, mas a Exxon tem ativos de qualidade (baixos custos de produção) e uma boa solidez financeira. A ação é pouco volátil e, portanto, menos arriscada.
Galp Energia (+11,2%): apesar de ter baixado as previsões de investimento e de também ser afetada pela queda do ouro negro, a Galp é das petrolíferas com maior potencial de crescimento nos próximos anos, graças à presença na Exploração & Produção de petróleo, sobretudo no Brasil, onde a viabilidade dos seus projetos não é posta em causa pela descida do preço do barril. Apesar da recente subida da cotação, o título ainda está barato.
Repsol (+12,7%): os resultados trimestrais superaram as expectativas. O grupo irá beneficiar de um pequeno aumento da produção graças aos investimentos feitos recentemente, embora o nível da dívida deva ser monitorizado. A redução de custos e investimentos prossegue e a ação continua atrativa.
Royal Dutch (+7,3%): a aquisição da British Gas (BG) provocou um aumento (esperado) da dívida, pelo que o grupo quer reduzir ainda mais os custos e vender ativos, o que é necessário para manter a atual política de dividendos, que é bastante atrativa. A integração da BG parece estar a decorrer como o planeado e a subida do preço do ouro negro serve para reforçar o balanço. No entanto, 2016 ainda será um ano de transição.
Total (+5,2%): após um bom primeiro trimestre, a Total vai reduzir ainda mais os investimentos para conservar a liquidez. Ainda assim, a empresa quer investir na energia renovável (preço elevado mas com um impacto mínimo nos resultados a curto prazo). Apesar de uma estratégia coerente, a ação não está suficiente atrativa para comprar.