O Deutsche Bank está empenhado numa nova restruturação. Os riscos de execução do plano permanecem, no entanto, mais elevados uma vez que a direção não dispõe de todos os instrumentos à sua disposição para atingir os objetivos. Venda.
Nos últimos doze meses, a cotação do Deutsche Bank caiu 46% (contra -30% para o setor europeu), apesar do plano de restruturação colocado em prática no final de 2015 pela direção.
No nível atual, a ação negoceia-se a cerca de 0,5 vezes os fundos próprios contra 0,8 vezes para o setor europeu. Esta queda reflete bem o pessimismo dos investidores, justificado à luz dos problemas reencontrados.
Enquanto o banco UBS (comprar) e o Crédit Suisse beneficiam de posições fortes na banca privada ou o BNP Paribas (manter), Santander (manter) e KBC (manter) na banca de retalho, o Deutsche Bank apoia-se principalmente na banca de investimento. Este, por sua vez, tem perdido quota de mercado para os bancos americanos e vê a regulação apertar o crescimento e a rentabilidade.
O banco alemão contém com alguma dificuldade os seus custos. Os entraves estão relacionados com incessantes litígios, que ainda aumentarão nos próximos trimestres, e também com o programa de reestruturação (cessão de ativos, baixa de efetivos…).
A dificuldade em fazer crescer as receitas e reduzir os custos fragiliza a estrutura financeira. O rácio CT1 (fundos próprios/ativos ponderados pelo risco) é de 10,7% contra cerca de 12% no setor e 12,25% esperado para 2019. Em caso de degradação da atividade, o grupo poderá de novo ter de recorrer a um aumento de capital (e de fundos próprios) para consolidar o seu balanço.
O desconto a que o título está cotado reflete todas as dúvidas que os investidores têm quanto à capacidade de o grupo atingir os seus objetivos. E mais ainda porque o sucesso da reestruturação não depende unicamente da direção mas também de fatores externos, os quais o banco não pode controlar. Partilhamos estas mesmas dúvidas. Estimamos uma perda de 0,5 euros por ação para 2016.
Se ainda tem este título no seu portefólio, venda. Outras empresas merecem mais a nossa atenção, não seguiremos mais esta ação.