Depois de ter atingido máximos históricos em abril de 2015, o título perdeu mais de 30%. Ainda não é suficiente para justificar o conselho de compra, mas se ainda detém, pode manter em carteira.
Uma nova organização
Desde 1 de janeiro que a atividade foi reorganizada em três divisões estratégicas: Medicamentos com prescrição, Medicamentos sem prescrição e CropScience (agroquímica). A saúde animal, ligada à CropScience, será objeto de uma avaliação à parte. A coordenar as três divisões estará Werner Baumann, estratega atual da Bayer, e que assumirá a administração a 1 de maio.
Mudança de setor
Na nossa seleção, a Bayer vai passar do setor “Químico” para o de "Saúde e farmacêuticas". Embora historicamente a empresa alemã esteja presente quer nos produtos químicos quer nos farmacêuticos, com a descoberta da famosa aspirina, comercializada pela primeira vez em 1899, a Bayer sempre se recusou a deixar o campo farmacêutico, mesmo depois da retumbante retirada do seu anticolesterol Lipobay/Baycol em agosto de 2001 por causa de várias mortes. O grupo até se reforçou no campo dos medicamentos com prescrição, com a aquisição da Schering em 2006, e sem prescrição, com a compra das divisões de automedicação da Roche em 2005 e da Merck em 2014.
Ao mesmo tempo, a química foi perdendo importância e representou apenas 26% das vendas e 10% do lucro operacional em 2015. Esta tendência foi iniciada com a introdução em bolsa da Lanxess em 2005 e os últimos “vestígios” da área química foram também colocados em bolsa em outubro passado através da Covestro. Apesar de ainda deter uma participação maioritária de 69% na Covestro, esta já não é estratégica para o futuro da Bayer, que a quer vender completamente a médio prazo.
Logo, a Bayer deixará de integrar o setor químico nos nossos quadros e passará para o farmacêutico.
Um final de 2015 difícil
O quarto trimestre foi dececionante. Em causa está o aumento dos custos de investigação (saúde), a difícil situação no Brasil (agroquímica) e as reduções de preços (polímeros). Para 2016, a Bayer prevê um volume de negócios de cerca de 47 mil milhões de euros e um lucro operacional (antes das amortizações, depreciações, juros e impostos) de mais 5%, o que está em linha com as nossas previsões. Ainda assim, baixámos as estimativas de lucros líquidos por ação de 5,8 para 5,5 euros em 2016 e de 6,2 para 5,9 euros em 2017.
Mudança de conselho
A Bayer encontra-se em plena transformação. Mas, ao contrário da Solvay, o grupo alemão concentrar-se-á na saúde humana, animal e vegetal.
É de realçar que a Bayer pode orgulhar-se de dispor de diversos produtos farmacêuticos em pleno crescimento, como o tratamento oftalmológico Eylea e o anticoagulante Xarelto, cujas vendas cresceram 57 e 34% (excluindo efeitos cambiais) em 2015, respetivamente. Além disso, o grupo aproveitará o segmento dos medicamentos sem prescrição, onde é número 3 mundial.
Em contrapartida, a Covestro arrisca-se a continuar a pesar nas contas do grupo até à sua saída definitiva e a divisão de agroquímica terá de enfrentar as mudanças no setor com a fusão DuPont/Dow Chemical e a compra da Syngenta pela ChemChina.
Contudo, face à descida da cotação deixamos de recomendar a venda. Pode manter.