“Olha mãe, sem mãos!”
O veículo autónomo já não é um sonho, mas uma realidade. A multiplicar os testes desde 2010, a Google é, provavelmente, a empresa mais avançada neste domínio. O seu veículo, agora totalmente autónomo, já percorreu mais de um milhão de quilómetros. A Tesla, por sua vez, diz ser capaz de oferecer um carro capaz de conduzir 90% do tempo em "piloto automático". Mas os fabricantes históricos não estão muito atrás. A Volkswagen, Daimler, Toyota e outros gigantes da indústria automóvel também entraram na corrida da condução autónoma.
Comercialização ainda distante
A introdução do veículo autónomo não vai acontecer de um dia para o outro. Apesar dos avanços tecnológicos, ainda existem muitos obstáculos a ultrapassar antes destes veículos se generalizarem. O primeiro obstáculo diz respeito à regulamentação. No estado atual, a lei exige que o condutor permaneça no controlo do veículo, ou seja, que tenha sempre as duas mãos no volante. Consequentemente, também é necessário regular a questão da responsabilidade legal em caso de acidente. O custo elevado do veículo autónomo é o segundo obstáculo. Por exemplo, cada scanner a laser usado pelo Google custa mais de 70 mil dólares. É preciso reduzir os custos de produção antes da comercialização em grande escala. O último obstáculo pode ser o mais difícil de superar: é a aceitação por parte dos passageiros a deixar-se conduzir por um dispositivo eletrónico.
Transição progressiva
Dados os obstáculos, acreditamos que a passagem para o autómato não será uma transição repentina, como a Google sugere, mas gradual com a melhoria contínua do automatismo e da segurança, primeiro em modelos topo de gama antes de equipar veículos de gamas inferiores. Alguns veículos já oferecem um controlo progressivo da velocidade, a travagem automática de emergência, o aviso de saída da faixa ou auto-estacionamento. A condução automatizada em engarrafamentos e autoestradas estará disponível em breve e representará mais uma etapa para a automatização total.
Construtores mantêm trunfos
A chegada do veículo autónomo e os esforços da Google nesta área podem significar o fim do modelo económico dos fabricantes de automóveis? A indústria automóvel não deve, a nosso ver, temer uma queda das vendas. A Google não pretende tornar-se fabricante de automóveis. Não tem experiência e, sobretudo, o seu objetivo é captar dados para criar software. Além disso, os construtores automóveis tradicionais continuam a controlar as principais áreas de abastecimento, produção e distribuição. Finalmente, alguns fabricantes estão quase preparados para propor as suas próprias soluções de condução autónoma. Isso não significa, no entanto, que podem ficar descansados. Um dia, num futuro distante, a sua posição pode ser ameaçada por grandes empresas de tecnologia. Mas, por agora, o carro autónomo não põe em causa o nosso conselho relativo ao setor. Não alteramos o conselho de manter para a maioria dos fabricantes (BMW, Daimler, Volkswagen, Peugeot e Renault), exceto para a FCA, cuja ação está atualmente muito cara (venda).
Novos coprotagonistas
Obviamente, nem os fabricantes automóveis, nem a Google, têm todas as competências necessárias para produzir os veículos autónomos. O funcionamento destes veículos é baseado em sensores (radares, lasers, câmaras), componentes eletrónicos e sistemas de geolocalização. Sendo necessário também software para combinar todos esses elementos. Por isso, terá de haver parcerias com outras empresas. Debruçámo-nos sobre a avaliação de alguns desses fornecedores (ver quadro adiante), mas há poucas empresas cuja atividade é inteiramente dedicada à condução autónoma. Entre elas encontra-se a Mobileye, um grupo israelita especializado no desenvolvimento de sistemas de câmaras inteligentes. Os outros grupos, por sua vez, obtêm apenas uma (pequena) parte das receitas no mercado de sistemas avançados de apoio ao condutor.
Fornecedores de sistemas avançados de assistência ao condutor | ||||
Nome | Cotação | Bolsa | Conselho | |
Semicondutores | ||||
Intel | 29,90 USD | Nasdaq | Comprar | |
Texas Instruments | 49,36 USD | Nasdaq | Comprar | |
Qualcomm | 64,55 USD | Nasdaq | Manter | |
NVIDIA | 20,19 USD | Nasdaq | Manter | |
Equipamentos auto | ||||
Valeo | 131,95 EUR | Paris | Vender | |
Continental | 214,85 EUR | Frankfurt | Vender | |
Delphi | 76,80 USD | Nova Iorque | Vender | |
Magna International | 53,70 USD | Nova Iorque | Manter | |
Mobileye | 60,38 USD | Nova Iorque | Vender | |
‘Software’ | ||||
Luxoft Holding | 62,00 USD | Nova Iorque | Vender | |
Covisint Software | 3,11 EUR | Nasdaq | Vender | |
Geolocalização | ||||
Nokia (Here) | 6,16 EUR | Helsínquia | Vender | |
Tom Tom | 10,23 EUR | Amesterdão | Manter |