10,560 milhões de barris de petróleo por dia é o novo recorde de produção da Arábia Saudita. Para as autoridades sauditas trata-se de uma preparação para o aumento da procura em 2016 previsto pela OPEP. Contudo, essa explicação é um pouco simplista.
Com efeito, a Arábia Saudita é um dos maiores produtores mundiais de ouro negro, mas também aquele que é capaz de produzir com um custo menor. Logo, numa altura em que a sua supremacia está sob ameaça, os sauditas querem usar essa capacidade de produzir barato para baixar a cotação do crude e colocar pressão sobre a concorrência:
– graças aos recentes avanços tecnológicos, os produtores de petróleo de xisto americanos ainda conseguem manter margens de lucro mesmo com a queda da cotação do barril de 100 para 70 dólares. Mas abaixo deste nível, a sobrevivência de muitos produtores norte-americanos será difícil;
– ao aumentar a sua produção e baixar o preço mundial, a Arábia Saudita quer igualmente pressionar a produção russa;
– o petróleo barato também trava o investimento que poderia ir para o Irão na sequência do acordo sobre o nuclear;
– projetos, como a extração em águas profundas no Brasil, cujos custos são elevados, tornam-se menos viáveis.
Em suma, a Arábia Saudita tem todo o interesse em manter os preços do barril de Brent em torno de 60 dólares por barril (atualmente em cerca de 57 dólares).
Dada a diminuição dos preços do crude e, sobretudo, a sua acrescida volatilidade, faz com que o setor petrolífero não seja particularmente interessante. A possível entrada de mais petróleo iraniano no mercado também poderá pesar na cotação. No entanto, os grandes grupos, financeiramente sólidos e bem diversificados, serão capazes de defender as suas margens. Aconselhamos a compra de BP, Chevron, Galp Energia e Repsol.