A Organização Mundial da Saúde assinalou recentemente: em todo o mundo, o número de casos de obesidade duplicou desde 1980. Segundo a OMS, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo são os principais responsáveis. A prática do desporto tem sido uma das respostas e, em todo o mundo, o número de ginásios aumentou 35% entre 2008 e 2013. Nos EUA, os praticantes de running passaram de 8,6 milhões, em 2000, para 19 milhões em 2013.
Assim, as perspetivas do setor são positivas, pois o crescimento do número de pessoas que praticam regularmente desporto leva a maiores vendas de equipamentos. Uma tendência mais acentuada em países com um poder de compra superior (Europa e EUA).
Mas, para atrair a nova e exigente clientela e incentivá-la a renovar os equipamentos, a inovação tornou-se primordial. Uma parte do mercado de equipamentos desportivos surge aliado à moda e ao luxo: importância da marca e produtos premium promovidos por celebridades.
Ao mesmo tempo, aumentou a aposta no mercado de rápido crescimento de produtos relacionados. São exemplos, os gadgets que disponibilizam mais informação (distância percorrida, eficiência do movimento, calorias queimadas, etc.) para analisar o desempenho/evolução e melhorar os planos de treino.
Os nossos conselhos
– Adidas Group (Alemanha): anuncia em breve um plano para alcançar a Nike e resolver os seus problemas. Espera-se também novidades sobre o mercado russo e o golfe. O mercado norte-americano será uma prioridade em 2015 (novos acordos com os atletas, o investimento em desportos mais típicos dos americanos). Os desafios neste mercado são elevados. Ação cara: venda.
– Callaway Golf (EUA): sofre com o desinteresse pelo golfe. Este desporto continua a ser conotado com o elitismo, o que afasta os clientes mais jovens para os desportos da moda. Com 50% dos negócios fora dos EUA, o grupo também sofre com a subida do dólar. A ação cota com um pequeno desconto mas, dada a situação do seu mercado, é melhor apenas manter.
– Nike (EUA): mantém a capacidade de praticar preços elevados e, portanto, gerar dinheiro para os investimentos. A inovação e o bom marketing (contratos com celebridades e federações desportivas) são os seus melhores trunfos. Capaz de uma taxa de crescimento anual perto de 10%. As qualidades do grupo permanecem uma referência no setor, mas à cotação atual, o potencial de subida parece muito limitado para comprar. Mantenha.
– Puma (Alemanha): depois de um difícil 2013, a empresa parece pronta para ressurgir. As receitas recuperaram no final de 2014 graças a uma nova gestão e estratégia. Centrou-se no desporto, numa capacidade de resposta rápida e num marketing mais agressivo. O impacto será sobre os resultados de 2016, sendo 2015 de transição. A cotação já reflete parte do plano de recuperação, que está longe de garantido. Mantenha.
– Quiksilver (EUA): atravessa uma crise que ameaça a sua existência se a restruturação fracassar. O grupo regista perdas desde 2009 e pode conseguir encontrar o equilíbrio apenas em 2017. O risco é muito grande para justificar uma aposta à cotação atual. Venda.
– Sports Direct (Reino Unido): distribuidor de artigos desportivos, quer replicar na Europa o modelo que fez o seu sucesso no Reino Unido. Uma expansão que irá passar pela aquisição de pequenos grupos. A cotação não está suficientemente barata para comprar. Mantenha.
– Under Armour (EUA): nos últimos cinco anos, o volume de negócios e os lucros cresceram mais de 20% ao ano graças a uma oferta diferente. O grupo permanecerá numa fase de rápido crescimento estimulado pelas vendas ao público feminino e a nível internacional. Mas terá a capacidade de penetrar em novos mercados sem penalizar excessivamente a rentabilidade? A cotação sextuplicou desde 2011. O êxito do grupo está refletido neste valor. É prudente esperar um preço melhor para comprar. Venda.
Investir no futebol?
Há inúmeros clubes de futebol cotados em bolsa: Olympique Lyonnais, AS Roma, Lazio, Juventus Manchester United, Celtic, etc. e, por cá, Benfica, Porto e Sporting. Seja quais forem os resultados em campo, o desempenho financeiro merece, quase sempre, um cartão vermelho. Os resultados são regularmente negativos, as dívidas são pesadas e a gestão normalmente ignora o interesse dos acionistas minoritários. Fique afastado!