Aposta no software e serviços informáticos
A Big Blue está principalmente ativa no software e serviços para as empresas (90% do volume de negócios). O perfil de atividade mudou drasticamente nos últimos anos, com a redução significativa da atividade de hardware, que representa agora menos de 10% do volume de negócios, devido ao critério de venda dos segmentos de atividade menos rentáveis (recentemente os servidores de gama baixa e os semicondutores). Trata-se de uma estratégia adequada que, combinada com uma profunda redução de custos (recurso a mão-de-obra barata, com a Índia a concentrar mais de um quarto dos efetivos do grupo), permitiu aumentar significativamente o nível de rentabilidade, entre os mais elevados do setor, e os lucros. A margem operacional progrediu de 11% em 2000 para 22% em 2014 e, ao longo dos últimos dez anos, o lucro por ação cresceu 13% ao ano, em média.
Nova transição
Nos últimos trimestres, o crescimento abrandou e a cotação do título caiu significativamente. O grupo registou no último trimestre de 2014 o décimo primeiro recuo consecutivo do volume de negócios trimestral e foi forçado a abandonar o objetivo de lucros por ação para 2015.
Em causa esteve, por um lado, a venda de ativos pouco rentáveis e a apreciação do dólar, mas sobretudo uma menor procura dos produtos e serviços principais, que são os servidores e computadores centrais, assim como o software e serviços associados, especialmente nos países emergentes, onde o abrandamento económico foi acentuado.
Por outro lado, a IBM, à semelhança da concorrência no ramo do software, atravessa uma mudança profunda do modelo de negócios com o desenvolvimento do cloud computing e os dispositivos móveis (smartphones e tablets) no universo empresarial. A forma de consumir software cada vez mais através de uma subscrição de uma plataforma de informática fora da empresa traduz-se numa nova concorrência para a IBM. Esta evolução levanta preocupações entre os investidores sobre os resultados futuros do grupo. Pela nossa parte, consideramos o receio exagerado.
Preparado para negociar
A IBM pode contar com a sua vasta presença em empresas de todos os setores. A fidelidade dos clientes deve-se à extensão e qualidade das soluções informáticas oferecidas pelo grupo (como a sua própria oferta cloud) e o custo elevado que representa para uma empresa mudar de fornecedor informático. A influência do grupo no seu setor e a elevada proporção das receitas decorrentes da manutenção proporciona receitas recorrentes.
Trata-se de trunfos importantes para manter, em primeiro lugar, uma rentabilidade confortável dos negócios que atingem a maturidade e, segundo, para impor as suas novas ofertas estratégicas e que se destinam a relançar o crescimento (cloud, mobilidade, análise de dados e segurança). Estas áreas de atividade deverão proporcionar, de acordo com a IBM, um crescimento superior a 12% por ano até 2018, ou seja, mais de 40% do volume de negócios em 2018 (27% em 2014; 13% em 2010). Para alcançar os objetivos, formou parcerias estratégicas, incluindo a SAP e a Apple.
Cotação da IBM vs. Índice S&P 500 (base 100)
A ação (carregado) teve um desempenho significativamente inferior ao do S&P 500 devido a resultados dececionantes e aos receios em torno da mudança estratégica. A prudência é exagerada. Avaliamos a ação como barata. Aproveite para comprar.
Avaliação e conselho
Numa reunião recente com os investidores, o grupo apresentou as metas para os próximos anos. Para 2015, espera um lucro por ação em queda de 2,5%, após -1% em 2014. A longo prazo, prevê uma progressão anual média entre 0% e 5% do volume de negócios e entre 5% a 9% do lucro por ação, impulsionado pela compra de ações próprias a rondar entre 2% a 3% da capitalização bolsista. Estes objetivos são credíveis e suficientes para justificar uma valorização da ação que atualmente negoceia menos de 11 vezes o lucro esperado para 2015, contra mais de 20 registada pela média dos títulos americanos.
Especialmente a longo prazo, as perspetivas de crescimento são elevadas para a indústria de software e serviços informáticos. A IBM dispõe de meios para beneficiar desta tendência. Está particularmente avançada no domínio da inteligência artificial com o supercomputador Watson conhecido por vencer, em 2011, os campeões americanos do jogo Jeopardy.
O rendimento bruto do dividendo ronda atualmente 2,5%. Dada a solidez financeira do grupo e a liquidez obtida pela atividade, o risco desta ação tecnológica é de 2 (num máximo de 5). A ação está barata. Aproveite para comprar.
Cotação à data da análise: 157,08 USD