Os seguros de capitalização são apresentados como alternativa aos depósitos, especialmente em períodos de baixas taxas de juro, como atualmente, e beneficiam de vantagem fiscal.
Proporcionam um determinado rendimento, que pode variar em função dos resultados e têm a vantagem de permitir entregas regulares de pequeno montante.
Também podem ser uma alternativa aos planos de poupança-reforma sob a forma de seguro, já que têm maior liquidez e podem ser resgatados em qualquer altura sem restrição. A desvantagem são os custos elevados.
Há seguros de capitalização de capital garantido e sem capital garantido. Estes últimos são também conhecidos por unit-linked, ou seja, divididos em unidades de participação e semelhante aos fundos de investimento.
Nesta análise, limitamo-nos aos que garantem o capital e, na maioria dos casos, oferecem um rendimento mínimo.
Das 34 seguradoras contactadas, apenas 10 instituições aceitaram enviar informação sobre os seus produtos: Allianz, Barclays Seguros, BPI Vida, Eurovida, Fidelidade, Generali, Liberty, Lusitânia, Real e Zurich.
Outras responderam-nos dizendo que não iriam participar no estudo, ou porque não tinham produtos ou porque não tinham disponibilidade. Sobraram 15 seguradoras que não deram qualquer sinal de vida. Será que estas têm algo a esconder?
Em períodos de baixos rendimentos, talvez não tenham interesse em mostrar e comparar a fraca performance dos seus produtos ou as elevadas comissões. Também contactámos os bancos, uma vez que são entidades comercializadoras de muitos destes produtos. Banco BPI, Banco Popular e Santander foram os únicos que enviaram informação.
No total, analisámos 22 seguros de capitalização disponíveis aos investidores nacionais.
Paga apenas 11,2% de imposto
A principal vantagem face a outros produtos de aforro é a menor taxa de imposto sobre o rendimento. É que a partir do oitavo ano de aplicação, é cobrado apenas 11,2% de imposto sobre o rendimento. Se investir por prazos entre cinco e oito anos, a taxa de imposto será de 22,4% e por prazos inferiores a cinco anos e um dia é cobrado 28%, tal como acontece na maioria dos produtos de poupança (depósitos, Certificados de Aforro ou do Tesouro, por exemplo).
No entanto, para que tal benefício fiscal se verifique, o montante das entregas pagas na primeira metade de vigência do contrato deve representar pelo menos 35% da totalidade. Contudo, a fiscalidade não é o único fator a ponderar.
Mas também há desvantagens
Um dos problemas é a dificuldade em acompanhar o rendimento. Ao contrário dos fundos de investimento, em que diariamente podemos consultar o valor da unidade de participação, nos seguros de capitalização, o rendimento é divulgado na primavera do ano seguinte.
Mas a maior desvantagem são as elevadas comissões. Em regra, são cobradas por cada montante entregue, pela gestão e caso ocorra o resgate antecipado. Esta última afeta a liquidez, já que penaliza bastante o resgate nos primeiros anos.
Nesta análise, a comissão de subscrição mais elevada que encontrámos é de 3,09% (Liberty Poupança Mais), sendo o custo médio no total dos 22 seguros de 0,7%.
Quando à comissão de gestão, no grupo dos produtos analisados, chega aos 1,5% no Poupança Jovem Sub-18 do Santander. Outra comissão a ter em conta é a de resgate antecipado que, nos produtos que integram a análise deste ano, atinge os 2,5% no Liberty Poupança Mais. Esta comissão varia consoante o ano em que decorre a mobilização do capital, sendo decrescente com o tempo.
Escolhas Acertadas
Investem sobretudo no mercado obrigacionista, mas também em liquidez e marginalmente em imobiliário e ações.
O rendimento desta categoria tem caído nos últimos anos. Ainda assim, quase sempre apresentam um rendimento superior à inflação; a exceção foi o ano de 2011. Renderam apenas 1,7% brutos, em média, em 2015, ficando aquém dos anos anteriores. No entanto, nos últimos cinco, conseguiram, em média, 2,5%.
O Generali + Poupança, seja na modalidade de prémios únicos ou de prémios regulares, foi o mais rentável: 4,1% nos últimos cinco anos, a desvantagem é a comissão de 2,04% por entrega. Esta comissão será tanto menos influente no rendimento quanto maior o período da aplicação, já que se vai diluindo no tempo.
Uma opção mais económica é a Solução Poupança Zurich, que não cobra comissão por entrega, mas obteve um rendimento um pouco inferior: 2,2% em 2015 e 2,8% nos últimos cinco anos. Contudo, trata-se de rendimentos passados. Para o futuro tem garantido o rendimento mínimo, que será acrescido da participação de resultados.
Outra alternativa para aplicar a médio e longo prazo são os Certificados do Tesouro Poupança Mais, produtos de capital garantido emitido pelo Estado pelo máximo de cinco anos. Não tem comissões para cinco anos e garante um mínimo de 1,6% líquidos ao ano.
PROTESTE INVESTE EXIGE
Informação simples e mais segurança
A complexa literatura técnica é um dos problemas dos seguros. A forma como são aplicadas as comissões, como é atribuído o rendimento, a falta de liquidez devida às comissões de resgate. Há até seguros que apresentam a taxa acumulada para vários anos, o que induz em erro o consumidor. Todas essas características deveriam estar sintetizadas numa ficha técnica que permitisse comparar facilmente os vários produtos financeiros.
Outro problema é a falta de um mecanismo de segurança. Os depósitos têm o Fundo de Garantia e o Sistema de Indemnização aos Investidores (SII) protege as ações, obrigações e fundos.
No caso dos seguros, cabe às seguradoras gerir as suas provisões, que podem não ser suficientes. Nem os seguros “normais” nem os unit-linked se encontram abrangidos pela cobertura do SII. Em caso de falência ou fraude, o mecanismo protetor do investidor é claramente inferior ao de outras aplicações.
Consulte o estudo completo na edição mensal de junho da PROTESTE INVESTE disponível brevemente aqui. Se desejar ser avisado sempre que a edição semanal e mensal estiverem disponíveis para consulta em pdf, subscreva o nosso sistema de gestão de alertas.