Desde novembro de 2018, praticamente há um ano, que temos assistido a um aumento dos montantes aplicados nos produtos de dívida pública, nomeadamente Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro Poupança Crescimento. Não que estes produtos tenham melhorado o seu rendimento. Aliás, tudo está na mesma e, no caso dos Certificados de Aforro a taxa até tem diminuído, pois depende da Euribor a três meses.
O que tem mudado, e para pior, é o contexto dos produtos de poupança, nomeadamente dos que apresentam capital garantido: as taxas dos depósitos a prazo estão mesmo muito baixas e com tendência a descer. Por exemplo, a taxa líquida média de um depósito a 12 meses é apenas de 0,1%. A taxa base dos Certificados de Aforro é apenas de 0,4% líquida e os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento rendem 0,5% líquidos no primeiro ano. Não são rendimentos extraordinários, mas conseguem superar a maioria dos depósitos oferecidos nos bancos.
Obrigações do Tesouro: a evitar
E as Obrigações do Tesouro? Efetivamente o cenário é bastante diferente. Para os particulares, é um produto a evitar. As suas cotações subiram tanto nos últimos meses que, se agora adquirir em bolsa um destes títulos, dificilmente recupera a totalidade do dinheiro que pagou. A soma do que vai receber em juros e o reembolso ao valor nominal não será suficiente. Por isso, não recomendamos a compra de Obrigações do Tesouro.
Nas Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), mais direcionadas aos particulares, a situação é semelhante. Ao longo das várias emissões, o spread que acrescia à Euribor foi descendo, de tal forma que as últimas emissões eram já pouco interessantes e não as recomendámos.
Estava prevista uma nova emissão de OTRV para este ano, mas segundo declarações à imprensa de Cristina Casalinho, presidente do IGCP, foram avaliadas as condições de mercado e considerado que este não é o momento mais interessante para ser lançada uma nova emissão. O que, de certa forma, vem ao encontro dos nossos conselhos em relação às últimas emissões: sem interesse.
Mas, no atual cenário desolador da poupança são necessários incentivos e produtos mais atrativos.