Segundo os dados divulgados recentemente pelo INE, no primeiro trimestre de 2020, a taxa de poupança aumentou para 7,4% do rendimento disponível (era 6,8% no trimestre anterior, portanto no final de 2019). Esse resultado deve-se a dois fatores: o aumento das remunerações e uma redução do consumo. Ainda assim, é preciso salientar que a taxa de poupança dos portugueses é menos de metade da média na zona euro que está em 16,9%.
Porém, a pandemia e o subsequente confinamento tiveram mais impacto no segundo trimestre. E ainda não há dados sobre o efeito na poupança, mas é de esperar uma diminuição substancial do rendimento das famílias (apesar das compensações que existiram).
Aliás, as previsões do PIB para este ano apontam para uma descida de 9,5%, segundo o Banco de Portugal, mas poderá ser ainda mais grave. A Comissão Europeia estima -9,8%. Assim, é bem provável que a taxa de poupança venha a aumentar nos próximos trimestres. Contudo, poderá não ser à custa de um maior montante aplicado em produtos de poupança, mas sim pela quebra do rendimento disponível (a taxa de poupança calcula-se dividindo a poupança pelo rendimento; mesmo que a poupança não aumente muito, como o rendimento caiu, a taxa deverá subir).
Montante aplicado em depósitos aumenta
Outro fenómeno a que estamos a assistir é o aumento do montante aplicado em depósitos pelos particulares que, em abril, atingiu 154,3 mil milhões de euros. São os depósitos à ordem e por prazos até um ano que representam a maior fatia desse montante (cerca de 85%), apesar do rendimento da maioria dos depósitos ser de zero por cento. Mas, a elevada incerteza e o perfil conservador dos portugueses explica a preferência dos tradicionais depósitos face a outros produtos.
Neste contexto, é preciso salientar a necessidade de criar e manter um fundo de emergência para fazer face a eventuais surpresas e assim não ter que mobilizar produtos de longo prazo, como fundos de investimento ou ações.
O fundo de emergência deverá ter cerca de 6 salários em produtos com elevada liquidez e “sem risco”, como depósitos até um ano. Apesar da inflação ser próxima de zero, optar pelas melhores taxas é uma forma de garantir ganhos reais!