É só até 1 euro, dirão alguns. Para conseguir esse euro necessita de 6667 euros aplicados durante um ano nas contas poupança e depósitos da Caixa Geral de Depósitos. Muitos portugueses terão menos do que esse montante. Portanto não estamos a falar de apenas um euro, mas de muitos milhões de euros que a Caixa Geral de Depósitos irá deixar de pagar aos seus clientes e que seriam devidos a quem poupa com algum esforço.
O banco público que perdeu milhões que lhe ficaram a dever alguns senhores da nossa praça, responde agora aos seus clientes sacando a cada um deles o juro nos depósitos até 6666 euros. É um comportamento, no mínimo, imoral. Também na CGD existem comissões inferiores a 1 euro e os clientes não vão deixar de as pagar. Certamente essas não serão retiradas dos preçários. Há aqui uma deslealdade para com os clientes: os cortes são só para uma das partes, sempre a favor do banco.
Banco do Estado sugere alternativas aos depósitos
Ao mesmo tempo, não se pode dizer aos aforradores que devem procurar outras alternativas, como fundos de investimentos, PPR e seguros financeiros, sem ter em consideração o perfil de risco de cada um. Esses produtos não são indicados para todos e alguns cobram mais comissões do que aquilo que efetivamente rendem (os seguros de capitalização e alguns PPR são frequentemente um exemplo disso).
A Caixa tem clientes transversais a toda a população portuguesa, residente e emigrante, muitos dos quais terão poucos conhecimentos financeiros e maioritariamente de perfil conservador. Dizer que devem procurar outras alternativas é ignorar a elevada iliteracia financeira.
Além disso, é uma porta aberta para outros produtos com rendimento aparentemente sedutor, mas custos mais elevados e, em alguns casos, risco demasiado elevado e desaconselhados ao pequeno aforrador.
A responsabilidade financeira para com os aforradores deveria também ser uma das características do banco do Estado, mas o incentivo à poupança dos portugueses não parece estar nos objetivos desta instituição.