Passear pelos preçários dos bancos revela um cenário desolador para as poupanças, com a maior parte dos bancos a “oferecer” taxas ridiculamente baixas ou mesmo zero nos depósitos a prazo. E é precisamente nos depósitos a prazo que os portugueses aplicam a maior parte das suas poupanças.
Vimos recentemente que são necessários quase 700 anos para duplicar o montante se estiver aplicado à taxa média dos depósitos a prazo atual (0,1% líquida). É nos maiores bancos que o cenário é mais árido. E nem a banca online, que noutros tempos proporcionava as melhores taxas do mercado, faz a diferença. A exceção são os depósitos a prazo para novos clientes ou novos montantes que, seja na banca online, seja na banca tradicional, vão sendo a gota de água neste deserto.
Depósitos a prazo com nomes enganadores
Vimos na análise do “Depósito Poupança Aniversário 175” que a comemoração dos 175 anos do Montepio não rende mais do que 80 cêntimos por cada 1000 euros aplicados a um ano. Portanto, muito poucas razões para comemorar.
Ainda no Montepio: a Conta Poupança Futuro, para os mais novos, rende 0,09% líquidos. Ou seja, proporciona 90 cêntimos de juros por cada 1000 euros aplicados durante um ano. Vai ser um belo futuro, sem dúvida!...
O Banco BPI tem a Conta Poupança Rendimento que rende 0% (a parte do rendimento é que não se percebe qual é...). Este banco tem também a Conta Poupança Objetivo que rende, imagine-se, 0%... Qual será o objetivo da conta? Fazer caridade ao banco? E ainda o Depósito Especial 1 Ano, que rende também 0%. Por isso é especial!
Há alguns anos, a banca usava uma estratégia semelhante, com números gordos na designação dos produtos, números esses que quase nunca se referiam ao verdadeiro rendimento do produto (podia ser o número de meses do prazo ou o rendimento bruto acumulado).
A legislação deixou de permitir esses artifícios, mas o sentido de responsabilidade (ou falta dele) é o mesmo: continuam a existir depósitos com expressões como “rendimento”, “futuro”, “objetivo”, ou outras, que induzem em erro, porque rendem zero ou quase nada.
Não levam a lado nenhum as suas poupanças. Ou melhor, levam apenas para os cofres dessas instituições para que possam utilizar o seu dinheiro no crédito, emprestando-o a taxas bem superiores. O problema é que o aforrador não ganha nada com isso. Literalmente nada.