O que esperar do próximo ano? Voltará tudo ao normal e teremos, como se preconiza, uma retoma económica? Ou as dificuldades irão agudizar-se ainda mais? Pairam incertezas, e tudo dependerá da forma como evoluir a pandemia e o processo de vacinação nos primeiros meses de 2021. Na esfera das finanças pessoais, a ponderação e a diversificação dos investimentos são a melhor forma de combater a incerteza. Siga os nossos conselhos sobre onde aplicar poupanças em 2021.
As nossas dicas e recomendações podem ajudar a aplicar poupanças de forma mais assertiva. Se as seguir, correrá menos riscos e obterá maior rendimento, sobretudo a longo prazo. Há quem dê mais importância à segurança e à liquidez das aplicações, preferindo fugir do sobe-e-desce dos mercados financeiros. Mas há quem goste mais de olhar para a retoma das bolsas com otimismo e como uma oportunidade. Onde ficam os nossos conselhos? Algures no meio.
Damos ainda um exemplo de como aplicar 10 mil euros e constituir uma carteira de investimentos. Pode, contudo, adaptar o montante, seguindo as regras que indicamos.
Deixar todas as poupanças numa conta à ordem é, tão certo como dois e dois serem quatro, a pior de todas as estratégias. E, no entanto, trata-se de um erro muito comum. O montante aplicado em depósitos tem vindo a aumentar, e boa parte desse dinheiro (cerca de 44%) está à ordem.
A razão é simples: não existem estímulos para aplicar as poupanças noutras aplicações, nem mesmo a prazo, pois não há grande diferença nas taxas oferecidas. Em regra, as contas à ordem não são remuneradas e, mesmo para os depósitos a prazo, as maiores instituições bancárias apresentam remunerações iguais ou próximas de zero. Em média, um depósito de 5000 euros, a 12 meses, rende apenas 0,1 por cento. Com o aumento da inflação nos próximos anos, ficará a perder rendimento, se não diversificar e optar por outros produtos.
Duas poupanças obrigatórias
Uma das lições desta pandemia e dos seus efeitos é a importância de manter uma almofada financeira, que permita fazer face a imprevistos, como situações de desemprego, súbitas diminuições do rendimento mensal, despesas inesperadas de saúde, reparações domésticas ou acidentes.
Infelizmente, poupar não é (ainda) um hábito arreigado da maioria das famílias portuguesas. Os baixos rendimentos são uma das justificações, mas o motivo principal é o desaparecimento da cultura de poupança que havia nas gerações mais velhas. Ao contrário do que acontecia no passado, hoje há uma oferta bem maior de produtos financeiros em que aplicar o dinheiro, para conseguir algum rendimento.
Ter o dinheiro guardado no colchão não é, com certeza, a forma mais segura ou rentável. Para a constituição do fundo de emergência, recomendamos que aplique cerca de seis salários em produtos com elevada liquidez e baixo risco, de capital garantido. Ou seja, invista em ativos que, caso surja um imprevisto, possam ser facilmente resgatados, sem perda de capital.
O mais adequado são os depósitos até 12 meses que permitam mobilização antecipada e, eventualmente, Certificados de Aforro. O melhor depósito a um ano rende 0,7% líquidos, no Banco Invest.
A par do fundo de emergência, deve constituir um complemento para a reforma. Há alguns anos, só se começava a pensar no assunto quando se completava 40 anos. Hoje, aconselhamos um plano de poupança-reforma (PPR) o mais cedo possível, de preferência, ao iniciar a vida ativa.
Os PPR têm múltiplas vantagens. Não só permitem planear a poupança com pequenos montantes (20 ou 50 euros por mês, por exemplo), como há uma vasta oferta de produtos, sob a forma de seguro ou fundo, adequados a todos os perfis de risco: do mais conservador, que exige garantia de capital, até aos que gostam de aplicar em ações.
Os PPR proporcionam ainda benefícios fiscais anuais, através da dedução no IRS (até 400 euros), e têm taxas de imposto, no resgate, bem mais baixas (entre 8% e 21,5%) do que a maioria dos produtos, que retiram 28% ao rendimento.
Sugerimos duas Escolhas Acertadas: o fundo Alves Ribeiro PPR, do Banco Invest, para quem ainda está longe da reforma, que exige entregas desde 50 euros; e o seguro Lusitania Poupança Reforma PPR (Lusitania Vida), com capital garantido e rendimento mínimo, e que implica entregas mensais a partir de 20 euros. O último é mais adequado para quem está perto da reforma, tem mais de 57 anos ou não aceita correr riscos. Beneficie das nossas parcerias com a Lusitania Vida e com o Banco Invest para subscrever, mediante melhores condições, os PPR recomendados.
Com risco ou sem risco?
As nossas sugestões são sobretudo dirigidas aos investidores e aforradores que até podem aceitar um pouco de risco, mas que não pretendem enveredar pelas ações. Se preferir, contudo, investir na bolsa ou em fundos especializados, consulte também as nossas recomendações para estes produtos financeiros.
Já os produtos com menor risco, que sugerimos para aplicar as poupanças no próximo ano, estão sintetizados no quadro. Como referimos, deve escolher um depósito a prazo para aplicar o montante destinado ao fundo de emergência. Prefira prazos até 12 meses, dado que, para períodos mais longos, as taxas não são superiores e encontra alternativas mais rentáveis. Para três, seis e 12 meses, as taxas variam entre 0,7% e 1,4% líquidos, mas destinam-se a novos montantes ou novos clientes. Best e Banco Invest apresentam as melhores ofertas.
Aproveite estas “supercontas” de bancos mais pequenos e/ou online para rentabilizar as poupanças. Não é por terem maior dimensão que instituições como a Caixa Geral de Depósitos ou o BPI oferecem rendimentos mais altos. Pelo contrário. Em regra, andam muito próximos de zero ou são mesmo de zero.
No que diz respeito aos produtos de dívida pública, recomendamos os Certificados de Aforro e os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, em especial se tenciona aplicar por prazos superiores a cinco anos. Dependentes da Euribor a três meses, os Certificados de Aforro têm um prémio de permanência, o que significa que, quanto mais tempo os mantiver, mais arrecadará.
Nos Certificados do Tesouro, as taxas anuais, crescentes, estão definidas à partida. No longo prazo, as diferenças de rendimento entre os dois não são muito elevadas, embora os Certificados de Aforro sejam um pouco menos vantajosos, devido à descida da Euribor.
Se pretende aplicações a médio prazo, com capital garantido e rendimento fixo acima do proporcionado por depósitos e títulos de dívida pública, pode subscrever, até ao final deste ano, um seguro de capitalização da Lusitania. Sugerimos o Lusitania Rendimento 2020 (três anos) ou o Lusitania Investimento 2020 (cinco anos). Por enquanto, desconhecemos se haverá novas modalidades em 2021, mas, se surgirem, daremos conta da nossa recomendação.
Horizonte mais longo
Para investimentos acima de cinco anos, e com uma pitada de risco, tem os fundos de investimento. Se não tem tempo para acompanhar as mudanças de conselho ou fazer uma gestão ativa, pode subscrever os fundos Optimize Selecção, que replicam as nossas carteiras. É bastante mais simples. Não terá de preocupar-se, pois o gestor do fundo encarrega-se de seguir as nossas recomendações. Ao subscritor, cabe apenas a tarefa de escolher a versão que pretende: defensiva, base ou agressiva, consoante a maior ou menor componente de ações.
Algumas áreas preveem-se interessantes no próximo ano. É o caso do setor da saúde ou farmacêutico, das utilities (serviços públicos), das novas tecnologias e dos relacionados com o ambiente.
Se pretende investir em ações e não sabe como começar, a nossa parceria com o Banco Carregosa pode ajudar, pois permite replicar, de forma fácil e com exatidão, a carteira de ações da PROTESTE INVESTE. Ao aderir a esta parceria, está a investir diretamente nas nossas recomendações, não tendo de pensar nos títulos que deve comprar e vender, nem nas ordens de bolsa.
Onde aplicar 10 mil euros
A regra principal é diversificar, ou seja, aplicar em diferentes produtos (uns de curto, outros de longo prazo) e em instituições distintas.
Se não necessitar do montante a breve trecho, invista uma parte em ativos sem capital garantido, mas com potencial de maior rentabilidade. Um exemplo: para o fundo de emergência, destine 5000 euros a depósitos e Certificados de Aforro.
Aplique os restantes 5000 euros em produtos de longo prazo, uns de capital garantido e outros sem garantia, como os fundos PPR ou os fundos Optimize Seleção, que replicam as nossas estratégias para o longo prazo.
Se já tiver a tal almofada de emergência, reforce estes ativos de acordo com a sua disponibilidade para o risco.
Os melhores produtos para aplicar poupanças
Invista uma parte a curto prazo. O que não necessita aplique a longo prazo, com ou sem capital garantido. Os dados no quadro foram recolhidos a 26 de novembro de 2020.
Complexos e nem sempre rentáveis
Desconfie dos chamados produtos estruturados. Em regra, o melhor rendimento depende de várias condições, entre as quais a valorização das ações. Quando tal não acontece, a remuneração desce para mínimos e, na pior das hipóteses, fica reduzida a zero. De nada serve optar por produtos com uma componente elevada de risco, se não domina a respetiva complexidade. Contudo, cada caso é um caso, e carece de análise.
Pense também duas vezes (ou mesmo três), se se deparar com seguros de capitalização unit linked. Na prática, são fundos de investimento, mas com a fiscalidade dos seguros. Trata-se de um aspeto positivo, mas há fundos de investimento bem mais rentáveis. Logo, estes produtos também carecem de uma análise individual.
E que dizer das Obrigações do Tesouro? Por enquanto, mantenha-se afastado. Muitas apresentam yields negativas ou muito próximas de zero. Para as poupanças dos particulares, e adquiridas às cotações atuais, são desinteressantes.
Agora, que leu as nossas sugestões, fica ao seu critério decidir o que mais se adequa ao seu perfil de risco e horizonte temporal, e às expectativas de rentabilidade que tem para as poupanças. Se tudo correr bem, 2021 promete ser bem melhor do que este ano que está a terminar.