As opções de investimento para quem pretende manter o capital protegido são reduzidas e as taxas de juro oferecidas são próximas de zero.
Contudo, a situação das poupanças não é tão grave como parece. Com efeito, a confirmarem-se as previsões de que a inflação se manterá baixa (0,7% em 2016), ainda é possível encontrar produtos de capital garantido que permitam um rendimento real ligeiramente positivo.
Há alguns depósitos a prazo com juros líquidos acima da fasquia dos 0,7%, mas os instrumentos da dívida pública podem ser outra opção a considerar. Estes contam agora também com as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV).
Como escolher o produto mais interessante?
A PROTESTE INVESTE disponibiliza-lhe uma calculadora que lhe permite saber quanto pode render o investimento em dívida pública, consoante o valor e o prazo escolhidos.
O simulador inclui Certificados de Aforro, Certificados do Tesouro Poupança Mais, Obrigações do Tesouro e, quando estiverem cotadas, também terá resultados para as OTRV. Nestes dois últimos produtos, o rendimento também depende do preço de aquisição, isto é, das respetivas cotações em bolsa e dos custos de transação.
Além do montante acumulado e da percentagem do rendimento, a calculadora também apresenta em detalhe os juros pagos ao longo do tempo de aplicação.
Qual a oferta do Estado?
Em fevereiro de 2015, foi lançada a série D dos Certificados de Aforro (CA) e revistas as condições dos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM). Em ambos os casos, as novidades significaram um corte no rendimento das novas séries ou emissão destes produtos de dívida pública.
No caso dos Certificados de Aforro, as mudanças foram bastante penalizadoras. Atualmente, consegue encontrar depósitos a prazo com taxas de juro ligeiramente mais elevadas. As contas a prazo são a melhor opção para aplicar até 12 meses.
Os Certificados do Tesouro Poupança Mais deixaram de ser a solução milagrosa para investir a médio prazo e com capital garantido. Porém, ainda consegue uma taxa média anual líquida de 1,6% se investir por cinco anos. E o rendimento será superior se o produto interno bruto (PIB) nacional continuar a crescer.
Se seguiu os nossos conselhos e adquiriu Certificados de Aforro e do Tesouro ainda antes do final de janeiro de 2015, deverá mantê-los até ao vencimento. Mas chegando ao fim de vida desses Certificados será necessário avaliar as opções de poupança que o mercado propicia.
Quanto às Obrigações do Tesouro, às cotações atuais, quem as adquirir e mantiver até à maturidade, terá um ganho baixíssimo, ou incorre mesmo em prejuízos (yields negativas) se optar pelas OT com prazos mais curtos. Não invista.
Novo produto: as OTRV
Com o objetivo de alargar a oferta aos pequenos investidores, o Estado propõe mais uma alternativa, as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável.
Trata-se de um produto que combina características dos já existentes. Por um lado, o rendimento depende da Euribor tal como os Certificados de Aforro. Por outro, têm um período de subscrição limitado e são negociadas em bolsa como as Obrigações do Tesouro (OT de taxa fixa).
Neste momento, já terminou o período para subscrição da primeira emissão das OTRV (a 16 de maio), cujas vantagens e inconvenientes analisámos na edição semanal e no portal financeiro. Mas, naturalmente, ainda será possível comprar as OTRV em bolsa ou subscrever novas emissões quando o Estado as lançar.
Cenários e desfechos
Numa primeira análise das taxas, os CTPM e as OTRV surgem empatadas. Mas a realidade é mais complexa e a opção por umas ou outras não é indiferente.
Nos CTPM não há custos, pelo que 1,6% será um mínimo absoluto. Se o PIB português registar um crescimento nos dois últimos anos de vigência dos CTPM, o ganho até será superior.
Nas OTRV, os 1,6% serão reduzidos pelas comissões do banco, mas aumentam se a Euribor subir nos próximos cinco anos. Portanto, o resultado final será função dos custos, que variam de banco para banco, e da hipotética subida da Euribor.
Embora a comparação dependa, por isso, de vários pressupostos, se tem menos de 5 mil euros para investir, não está habituado a negociar em bolsa nem tem outros títulos (ações, obrigações) em carteira, continue a preferir os CTPM que não têm custos e cujo funcionamento é bastante mais simples.