“É importante a independência”
Com uma vida ligada à defesa do consumidor, Teresa Reynolds explica como começou a trabalhar e a representar a DECO, e como surgiu o boletim que acabou por dar origem à revista PROTESTE.
- Editor
- Isabel Vasconcelos

Há 48 anos preocupada em defender o consumidor, Teresa Reynolds continua a ler e a gostar da revista que ajudou a criar: a PROTESTE. A subscritora n.º 343 fica satisfeita por ver que a DECO PROTESTE consegue ter hoje uma dimensão europeia, muito alargada, e manter‑se sem interferência política, pois sempre advogou que, em Portugal, fazia falta uma instituição independente que defendesse os consumidores.
O que a levou a fazer parte da fundação da DECO e da criação do respetivo boletim?
Em 1974, uma grande amiga, conhecendo o meu interesse pela defesa do consumidor, perguntou‑me se queria fazer parte da primeira direção da associação que estava a criar junto com um grupo de economistas. Claro que aceitei e, em outubro, entrei para a direção. No ano seguinte, pediram‑me para desenvolver um boletim, e fiquei responsável pela edição, ou seja, pelos desenhos da capa e pelo layout, do boletim DECO, pois tinha tido formação em artes, anos antes. A juntar a estas tarefas, em conjunto com um economista, definimos um cabaz de produtos, para o qual pesquisávamos os preços e publicávamos no boletim, que incluía ainda artigos sobre outras temáticas.
E como se chegou à revista?
Em 1976, um representante da International Organization of Consumers Unions (IOCU) veio a Portugal e aconselhou‑nos a contactar esta organização, hoje conhecida como Consumers International. Tal permitiu‑nos o acesso a informação técnica sobre a qualidade de produtos, sobretudo eletrodomésticos e outros aparelhos. Foi então feita, em 1977, a evolução para a revista PROTESTE. Através de contactos ao nível europeu, obtínhamos a informação para publicar. Nessa altura, fizemos permutas com outras publicações da Europa, Nova Zelândia, América do Sul e até com a Library of Congress [Biblioteca do Congresso], em Washington. Começámos a estar presentes em congressos e reuniões internacionais, que permitiram que tanto a associação como a revista evoluíssem. Em 1980, fiz um estágio na Test‑Achats [na Bélgica], que também tinha uma revista, e, quando voltei, reorganizei a PROTESTE à sua imagem.
Passados uns anos, chegou a secretária‑geral da DECO, certo?
Sim, em 1981. Há vários anos que participava em congressos e reuniões internacionais, e fui convidada para secretária‑geral da associação. Além das representações, passei a organizar a revista. Havia uma especialista para a parte técnica e outra para a área jurídica, e eu coordenava a equipa.
Mas também esteve no grupo que criou outra entidade relacionada com os consumidores.
É verdade, estive no grupo que criou o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, que é hoje a Direção‑Geral do Consumidor. Contudo, lembro‑me de ter dito ao presidente daquele instituto, na altura, que, além das organizações estatais, era importante continuar a haver instituições privadas, que nada tivessem que ver com o Estado, para poderem defender os interesses dos consumidores de forma isenta. E, sempre que ia a congressos e reuniões internacionais, procurava mostrar o que fazíamos, para que vissem a importância de uma organização independente, que não tinha de obedecer a partidos políticos.
E o que pensa da revista PROTESTE de hoje?
Acho que estão a fazer um trabalho fantástico, porque conseguiram dar uma dimensão europeia à DECO PROTESTE, mas mantendo‑se afastados dos partidos e do poder político. Sempre defendi a existência de uma instituição privada e independente em Portugal. E fico feliz por estarmos a conseguir.
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