Conferência Visões do Futuro arranca em Castelo Branco
As propostas de turismo sustentável e o custo real dos carros elétricos dominaram a conferência Visões do Futuro, em Castelo Branco.
- Dossiê técnico
- Alexandre Marvão
- Texto
- Nuno César

O projeto MOVELETUR (Turismo sustentável e mobilidade elétrica em espaços naturais) e o turismo como fator de sustentabilidade foram os grandes destaques da primeira conferência Visões do Futuro, a 10 de maio, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco. Dado que o turismo é a maior indústria global e a vertente sustentável já faz parte da agenda política, George Ramos, coordenador do projeto, ambiciona aproveitar ao máximo a janela de oportunidade do forte fluxo turístico que todos os dias chega ao país e aqueles que procuram espaços naturais. “Vários parceiros, portugueses e espanhóis, criaram uma rede que liga todos os espaços naturais”, revelou. O objetivo é garantir as comodidades que encontram nos grandes centros e criar riqueza, gerando emprego. “Eu não nasci digital, como a nova geração. Eu aprendi a ser digital”, admitiu George Ramos, que valorizou a independência geográfica do turista hoje com um telemóvel na mão.
O turismo rural, numa sociedade cada vez mais urbana, é crucial e apresenta grandes saídas. Aliada a este projeto de turismo verde está uma aplicação que possibilita descarregar os itinerários para utilizadores da bicicleta ou do automóvel. Também facilita “a interpretação à medida que exploramos os elementos mais interessantes de uma área”, demonstrou George Ramos. Além de criar um novo produto turístico, visa aumentar os postos de trabalho e a utilização de carros elétricos.


Beira Baixa representa “5% do melhor destino turístico do mundo”
O painel de convidados abordou o turismo como fator de sustentabilidade, a contribuição da mobilidade para uma vida saudável e o interior como oportunidade económica. Bruno Santos, das relações institucionais da DECO PROTESTE, Sara Brito Filipe, diretora da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, e Daniela Rocha, técnica de Geologia do Arouca Geopark jogaram todos os trunfos com casa cheia.
Daniela Rocha não precisou de muito tempo para conquistar a audiência com a lista de conquistas nacionais ao nível mundial, reforçando o impacto e a relevância do contributo das equipas no terreno para a valorização da oferta do País. Recentemente, em março, Idanha-a-Nova e o Geopark Naturtejo foram os vencedores do Prémio de Sustentabilidade na ITB Berlim, a maior feira de turismo do Mundo.


Portugal está na moda e continua a colecionar prémios. Na reta final de 2018, os World Travel Awards, conhecidos como os óscares do turismo, escolheram o nosso país como o melhor destino turístico do mundo, pelo segundo ano consecutivo. Portugal ficou à frente de concorrentes de peso como Brasil, Maldivas, Nova Zelândia e Vietname. A Madeira foi considerada o melhor destino insular do mundo e os Passadiços do Paiva, distinguidos como melhor atração turística de aventura.
O painel foi unânime: se Portugal foi eleito o melhor destino turístico do mundo, Castelo Branco tem de aproveitar esse potencial e ir a jogo. Os novos nichos de consumo exigem uma DECO PROTESTE em formação constante para defender e proteger os consumidores em qualquer tipo de turismo, como garantiu Bruno Santos, estejamos num resort de luxo ou num monte rural. Bruno Santos tocou vários alarmes e não deixou nada por dizer para o Governo: “não podemos tratar quem está fora de Lisboa e do Porto como regiões abstratas, estamos a falar da vida das pessoas e das famílias que escolheram ficar. Impõe-se uma visão global do País”.
Por sua vez, Sara Brito Filipe, diretora da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, atacou outra frente: “falta sensibilidade dos empresários para valorizar os recursos humanos com base no turismo. Sendo uma região interior, urge aumentar a aposta no investimento do turismo. A formação só tem uma saída: acompanhar o ritmo do crescimento do turismo”.
Automóvel elétrico já compensa
Esta viagem ao interior foi uma oportunidade para Alexandre Marvão, especialista da DECO PROTESTE, apresentar o estudo que agitou o país em novembro último sobre o custo da propriedade e utilização do automóvel. Gasolina, gasóleo, elétrico ou híbrido? O carro elétrico já compensa e convence em toda a linha. Tem um preço mais elevado, mas os gastos inferiores com energia, manutenção e impostos levam a que o investimento compense.
Segundo Alexandre Marvão, o debate foi abafado pela diabolização do gasóleo, mas o que interessa é olhar para os factos e travar os preconceitos. “A grande vantagem do carro elétrico é a deslocalização do centro das emissões poluentes e a consequente descarbonização das cidades. Para ajudar, a rede pública de carregamento cresceu bastante e deve funcionar como complemento a um posto em casa ou no condomínio”, sustentou Alexandre Marvão. Os utilizadores também precisam de repensar a viagem e estudar o roteiro ao detalhe. Foi o que a nossa equipa de reportagem fez para garantir a viagem de Lisboa a Castelo Branco e o regresso ao volante de um carro 100% elétrico sem qualquer carregamento, ou seja, 444 km de pura autonomia elétrica, dentro da velocidade que manda a lei. A maior utilização e a produção em série fazem-nos sonhar até 2025 com automóveis elétricos por um preço ao nível dos carros convencionais mais vendidos.

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTESTE, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições. |